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A Maldição do Escorpião de Jade/The Curse of the Jade Scorpion/Im Bann des Jade Skorpions
Realizado por Woody Allen
EUA/Alemana, 2001 Cor – 103 min.

Com: Woody Allen, Dan Aykroyd, Helen Hunt, Brian Markinson, Wallace Shawn, David Ogden Stiers, Charlize Theron, Elizabeth Berkley, Peter Linari, John Tormey

Nova Iorque, 1940. C.W. Briggs (Allen) é um investigador de seguros, que baseia a sua eficiência numa rede de informadores bem colocados. Uma nova funcionária da firma, Betty Ann Fitzgerald (Hunt), vem colocar em causa a posição Briggs, ao reorganizar os métodos de trabalho, bem como ao sugerir que algumas investigações sejam entregues a detectives privados. Durante o aniversário de um colega, Briggs e Fitzgerald são convidados a subir ao palco por um ilusionista/hipnotizador que os coloca sobre o seu comando, depois de ouvirem determinadas palavras. Ele declara-os marido e mulher, para gáudio dos colegas que assistem. Pouco tempo depois, um grande furto é efectuado, numa mansão onde Briggs havia supervisionado os sistemas de segurança, sem que o criminoso deixe qualquer rasto.

A mais recente obra de Woody Allen, que, por mecanismos de distribuição, chega às nossas salas antes de «Small Time Crooks» (2000), é um filme simples, directo e moderadamente divertido. Na última década Allen deu-nos um musical («Everyone Says I Love You», 1996), um filme em que se manteve afastado da objectiva, colocando outro actor no “seu” papel («Celebrity», 1998), e pegou em personagens mais adequadas a outros actores («Sweet and Lowdown», 1999), citando apenas alguns dos títulos mais recentes. Mas, com «A Maldição do Escorpião de Jade», Allen não tenta senão confinar-se a mecanismos clássicos; tanto aos do seu modo de fazer cinema, como aos das obras da Hollywood de outrora, nomeadamente as chamadas screwball comedies.

Goste-se ou passe-se bem sem ele, o nome de Woody Allen é uma referência incontornável na 7ª Arte, desde há mais de três décadas. Também é comummente sabido que as suas obras de vertente humorística não assentam em artifícios, mas apenas em personagens caricatas, normalmente neuróticos (ou “perceptivos”, como C.W. Briggs) e nos respectivos diálogos. Nesta «Maldição...» estamos um pouco abaixo dos níveis de comicidade de outras obras mais emblemáticas do realizador e a interacção entre os papéis principais também não nos seduz ao nível de, por exemplo, o anterior – perdão, anteanterior – «Sweet and Lowdown».

«The Curse of the Jade Scorpion» persiste um filme divertido, capaz de agradar tanto aos que seguem a carreira do realizador, como àqueles que querem apenas passar uns momentos de boa disposição, se bem que dificilmente se possa revelar marcante para uns ou para outros. Será assim a modos como certos vinhos que não vale a pena guardar, por falta de qualidades, mas que se bebem com agrado no dia a dia.

Acrescente-se ainda que apesar da história não ser realmente o mais importante para o bom ou mau sucesso de um filme de Woody Allen, lamenta-se que o trailer – talvez saído de um gabinete de génios de marketting da Dreamworks – despeje tantos pormenores sobre o desenrolar da história e revele demasiadas piadas.

***
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Publicado on-line em 27/01/02.