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Toda a Gente Diz Que Te Amo/Everyone Says I Love You Realizado por Woody Allen EUA, 1996 Cor - 101 min. Com: Alan Alda, Woody Allen, Drew Barrymore, Lukas Haas, Goldie Hawn, Gaby Hoffmann, Natasha Lyonne, Edward Norton, Natalie Portman, Julia Roberts, Tim Roth, David Ogden Stiers, Scotty Bloch
A história de uma (grande) família é narrada
pela jovem DJ (Lyonne), que vive no Upper East Side nova-iorquino,
com uma meia-irmã, Skylar (Barrymore) que está noiva
de Holden (Norton). Tem outra (meia) irmã, Laura (Portman)
e outro (meio) irmão (Haas), com fortes tendências
conservadoras que levam o pai (Alda) a perguntar-se como é
possível ter um filho no outro lado do espectro político.
Defende, entre outras coisas, que os criminosos não devem
ser soltos. A mãe, Steffi (Hawn), pelo contrário,
dedica-se a toda a espécie de obra social - pois apesar
da família estar em boa posição económico-social,
ela veio de meios mais modestos -, incluindo lutar por melhores
condições de vida para os presos, como a possibilidade
de decorarem as próprias celas.
DJ é filha de Joe (Allen), um escritor neurótico
(um corte radical nos personagens de Woody Allen!) que vive em
Paris, e que vem de vez em quando a NY. Bob tem imensos problemas
com mulheres (ou vice-versa), e a filha vai ajudá-lo quando
este se interessa por uma mulher casada, Von (Roberts), em Veneza.
É que DJ espionou as sessões de psicanálise
de Von, na casa da mãe de uma amiga, e sabe tudo sobre
ela. Bob vai tentar passar-se pelo homem da sua vida.
«Everyone Says I Love You» é um filme que não
há-de decepcionar os apreciadores da cinematografia de
Allen. Os elementos do costume estão lá todos: as
neuroses, a ex-mulher confidente e a grande amizade com o novo
marido da ex, psicanalistas, adolescentes precoces, etc., etc.
Por outro lado, o factor Repetição ou Embaralha-e-Volta-a-Dar
pode ser um problema. É que pouco há de novo neste
filme, para quem tenha visto meia dúzia das obras do realizador.
Excepto, claro, o facto de estar-mos perante um musical, onde
a generalidade dos actores canta. (É verdade: é
um musical. É espantoso que muitas pessoas comentem o facto,
surpresas, na sala. Pelo menos ninguém julgava tratar-se
de um filme de tiros com Jean-Claude Van Damme...)
E como comédia musical resulta? Sempre foi algo problemática
a forma de introduzir números musicais numa narrativa.
Allen leva a tarefa a sério, mas ao mesmo tempo brinca
com o género e esse caminho parece resultar: os números
musicais são divertidos, mesmo quando os actores têm
vozes terríveis como Julia Roberts ou o próprio
Allen. Existem bons gags, lembrando o passado slapstick, e das
one-liners, do realizador. A sequência com Tim Roth como
o criminoso reabilitado (?) que Hawn convida para jantar é
das melhores, e, claro, a piada do número de rap, na continuação
das várias interpretações de «I'm Through
With Love». Goldie Hawn a flutuar nas margens do Sena, entre
outros números do outro mundo, dão ainda um toque
fantástico à película.
Aparte a pequena sensação de dejá vú,
ligeiramente obnubilada pelo mudança de registo,
«Toda a Gente Diz Que Te Amo» é uma forma agradável
de passar 1 hora e 40 minutos. Mesmo para o público que
não costuma ver os filmes de Woody Allen.
Créditos politicamente correctos: "cameraperson".
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