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Vigaristas de Bairro/Small Time Crooks
Realizado por Woody Allen
EUA, 2000 Cor – 95 min.

Com: Woody Allen, Tony Darrow, Hugh Grant, George Grizzard, Jon Lovitz, Elaine May, Michael Rapaport, Elaine Stritch, Tracey Ullman

New Jersey. Ray Winkley (Allen), um pequeno marginal na idade da reforma, convence a mulher, Frenchy (Ullman), a arrendarem uma pizzaria próxima de um banco, de modo a que possam cavar um túnel directo aos cofres, com o auxílio de outros criminosos com mais boas intenções do que perspicácia. Uma vez que Frenchy não sabe fazer pizzas, optam por abrir uma loja de bolinhos, mas o estabelecimento torna-se tão popular, estando sempre cheio, que o movimento começa a prejudicar os planos criminosos. Algum tempo depois, o casal detém uma considerável riqueza e Frenchy envida todos os esforços para se integrar na alta sociedade. Para tal paga lições privadas a um jovem negociante de arte, David (Grant). Ray está longe de partilhar os mesmos desejos de subida de divisão social.

O penúltimo filme de Woody Allen estreia entre nós um mês depois do mais recente «A Maldição do Escorpião de Jade» (2001), algo que pode alterar ligeiramente a nossa perspectiva perante a evolução da sua obra recente. Este «Small Time Crooks» está mais próximo da filmografia mais antiga do realizador, baseada no humor “puro”, de finais dos anos 60, inícios dos 70, mas mantendo o teor mais “maduro” e afastado do “splapstick” da sua obra posterior.

Não contendo personagens com a profundidade de «Sweet and Lowdown» (1999) (grande mérito das composições de Sean Penn e Samantha Morton), nem a mesma quantidade de piadas e “one-liners” por minuto, presentes na primeira fase sua obra, «Small Time Crooks» é superior a alguns dos títulos que poderíamos rotular de “transição”, como «Celebridades» (1998), não por razões temáticas, mas porque ficamos insatisfeitos e ansiosos por um próximo filme que nos traga um Allen em forma. Mesmo o anterior «Curse of the Jade Scorpion» se obscurece após o visionamento da obra anterior (ou posterior, dependendo do prisma de estreia ou produção), não por ser um mau filme, mas apenas por ser uma comédia de Woody Allen abaixo da média.

O evoluir da história permite que Allen critique e faça humor com a alta sociedade, o meio artístico e intelectual, bem como com aqueles que se querem integrar e “parecer bem” à força. Mas por muito que se queira analisar e reanalisar esses elementos, o intuito principal foi o de usar o ridículo dessas situações e atitudes para realizar “simples” humor. Também não me parece muito útil tirar uma lição de moral do acto final, que, como nas comédias clássicas de Hollywood, transporta uma personagem numa viagem de ida e volta por um modo de vida que não é o dela, pelo meio de pessoas que não são melhores ou piores apenas pelo estatuto social que detêm.

O problema menor da estreia de mais um filme de Woody Allen é podermos ficar habituados ao um ritmo de um por mês, o que obviamente não se irá manter (um por ano não é nada mau). Por outro lado, quem viver em Lisboa tem (teve) também a oportunidade de assistir ao ciclo dedicado ao realizador no Cine222. Só faltou mais uma retrospectiva no canal 2 (como quer que se chame hoje em dia), e há sempre o vídeo e o DVD. Não há dúvida que o nome de Woody Allen está bem vincado no início de 2002.

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Publicado on-line em 12/02/02.