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Vampiros/Vampires ou
Vampiros de John Carpenter/John Carpenter's Vampires
Realizado por John Carpenter
EUA, 1998 Cor - 107 min. Anamórfico

Com James Woods, Daniel Baldwin, Sheryl Lee, Thomas Ian Griffith, Maximilian Schell, Tim Guinee, Mark Boone Jr., Gregory Sierra, Cary-Hiroyuki Tagawa, Thomas Rosales

Jack Crow (Woods) lidera um grupo de assalto especialista em localizar e destruir vampiros, criaturas míticas que existem há vários séculos, mas cuja existência é negada pela sociedade moderna.O grupo é controlado pelo Vaticano, e acessorado in loco por um representante da Santa Sé. Depois de um conflito violento com Valek (Griffith), um vampiro mais poderoso do que todos os "mestres" até aí encontrados, Crow e Montoya (Baldwin) usam Katrina (Lee), uma vítima "vampirizada", de forma a conseguirem encontrá-lo através do elo telepático que o une aos seus servos. O poderoso vampiro procura uma relíquia medieval que lhe poderá proporcionar poderes acrescidos.

A partir do livro "Vampire$" de John Steakley, o último filme de John Carpenter insere-se numa tendência de reabilitação do género que tem sofrido altos e baixos desde que Coppola realizou a sua interpretação do "Drácula" original de Bram Stoker. Estes filmes têm surgido de todas as formas e feitios, dos mais abstractos e visuais, como «Nadja» (1994) de Michael Almereyda ou «The Addiction - Os Viciosos» (1995) de Abel Ferrara, aos mais virados para a acção como este ou «Blade» (1998). Não parece que se esteja numa fase descendente em termos de produtividade. Pelo contrário. Entre a produção recente, existe «Vampires and Other Stereotypes» (1994), de Kevin J. Lindenmuth, «The Wisdom of Crocodiles» (1998), de Po Chih Leong ou «Razor Blade Smile» (1998), de Jake West, um ultra-low budget com uma senhora que costuma aparecer nos posters da Redemption, Eileen Daly. Os dois últimos filmes são produzidos no Reino Unido, e é também por lá que o Channel 4 emite uma série de TV que parece estar a agradar. Chama-se "Ultraviolet", coloca polícias contra vampiros e remistura, uma vez mais, as convenções do género.

Aqueles que seguem com interesse o trabalho de Carpenter têm todos os motivos para estarem satisfeitos; apesar de «Vampiros» não estar propriamente ao nível dos seus melhores filmes, está a anos-luz dos mais fracos, ou não tivesse ele realizado alguns como mero tarefeiro, caso das «Memórias de um Homem Invisível» (1992) - feito num período difícil da sua carreira, quatro anos depois do último de três flops comerciais seguidos («Big Trouble in Little China», «Prince of Darkness» e «They Live») - ou o decepcionante remake de «Village of the Damned» (1995). Este filme é também o melhor desde «In the Mouth of Madness» (1995), fazendo-nos esquecer «Escape from L.A.» (1996), que o próprio confessou ter sido apenas para fazer dinheiro, ou, por outras palavras, mais vocacionado para quem não tinha visto «Escape from New York» (1981), de que é tanto uma sequela quanto um remake.

Um dos elementos aborrecidos em todos os "novos" filmes de vampiros, é a necessidade de confrontar a realidade com a ficção, acompanhada por um comentário do género "esquece o que viste nos filmes". A próxima fase talvez seja incluir uma linha de diálogo mais auto-consciente: "Porque é que nos filmes de vampiros se faz sempre referência aos filmes de vampiros?" E assim por diante.

Sendo coerente e um bom filme de género, «Vampiros de John Carpenter» não tem um argumento propriamente original. Para lá de um sistema de matança invulgar, de algumas sequências de violência exageradas, não muito comuns nos filmes deste realizador e de um emparelhamento romântico menos convencional, a história é relativamente linear e a resolução patente no climax algo déjà vu. Recomendado aos que seguem a carreira de Carpenter e apreciadores de horror em geral. Mas os restantes possivelmente até o considerarão "engraçado".

***1/2
classificações

Publicado on-line em 28/1/99.