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Toy Story 2: Em Busca de Woody/Toy Story 2
Realizado por John Lasseter & Lee Unkrich e Ash Brannon
EUA, 1999 Cor - 95 min.

Com as vozes de: Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusack, Kelsey Grammer, Don Rickles, Jim Varney, Wallace Shawn, John Ratzenberger, Annie Potts, Wayne Knight, John Morris

Quando um acidente danifica o braço do cowboy Woody (Hanks), os bonecos de Andy são levados a reflectir sobre as incertezas do futuro e confrontados com a possibilidade de serem colocados na prateleira ou num caixote para venda no quintal. Tentando salvar o penguim Wheezy, Woody acaba por ir parar ao espólio do coleccionador-vendedor Al McWhiggin (Knight) e os seus amigos formam um comando para o resgatar.

Buzz Lightyear (Allen) dirige os personagens que já conhecíamos do filme original: Rex, o dinossauro (Shawn), Mr. Potato Head (Rickles), Slinky Dog (Varney) e o porquinho-mealheiro Hamm (Ratzenberger). Woody, entretanto, é preparado por Al para ser expedido para um museu no Japão, como parte do valioso conjunto "Woody's Roundup". Os outros elementos são a vaqueira Jessie (Cusack), o mineiro Stinky Pete (Grammer) e o cavalo Bullseye, que põem Woody perante um dilema: ficar com eles e ser adorado para sempre por crianças num museu ou regressar com os amigos, reocupando o efémero papel de brinquedo preferido de Andy.

Se todo o cinema "para crianças" fosse como «Toy Story 2», ou como o filme que o precedeu, os adultos teriam muito para se deliciarem. Enquanto outros filmes de animação "infantis" poderão fazer-nos torcer o nariz quando pensamos que temos de levar as crianças ao cinema, neste caso a relutância quanto muito reconduzir-se-á a "ter de ir" ver a versão dobrada. Poderíamos mesmo questionar-nos se estes filmes dos estúdios da Pixar são rigorosamente "filmes infantis", já que estão recheados de referências destinados a um público mais maduro, mas o mais importante é que, de facto, são excelentes filmes para serem visionados por toda a família.

De um modo geral, esta parte 2 não fica atrás do filme original. Já conhecemos os personagens e agora há que colocá-los em situações novas, que nos prendam a atenção e estimulem o interesse, durante 90 minutos. Não há qualquer dúvida que o filme é bem sucedido, e até nos arrepiamos só de pensar, que, inicialmente, se concebeu este projecto directo-para-vídeo. A história é interessante q.b., com um marcante pendor existencialista e filosófico sobre o sentido da vida e o que é ser um boneco nos dias que correm.

Sendo "mais um" filme de animação inteiramente gerado por computador («Toy Story» foi o primeiro filme assim produzido, em 1995), «Toy Story 2» não deixa de nos sugerir, em todos os momentos, que a forma serve só para apresentar a história. A Pixar afirma guiar-se por uma máxima, escavada em pedra, que diz que não há tecnologia que dê alma a uma história, e não há como não acreditar. O filme constrói-se sobre uma premissa de acção e aventura, e avança em crescendo e sem abrandar o ritmo, até aos créditos finais. Ou, no caso, antes pelo contrário, porque, apesar de ter óptimos momentos de humor, o final é verdadeiramente esmagador: tal como em «A Bug's Life/Vida de Insecto» (1998), uma série de "bloopers" desfila perante os nossos olhos, enquanto rolam os créditos. Mas, desta vez, a sequência não se interrompe e vai mesmo até ao final do filme e o humor atinge pontos de verdadeira histeria. (Nota: por alguma razão obscura, os "bloopers" não estão legendados.)

Comparando com «A Bug's Life», o novo filme de Lasseter - que recentemente ocupava a posição de segundo filme de animação mais bem sucedido de sempre comercialmente, depois d' «O Rei Leão» - é uma obra superior; a premissa é mais interessante e mais bem desenvolvida, o humor é mais refinado, os climaxes narrativos mais bem construídos e os personagens mais humanos (mesmo não passando de bonecos). A parte técnica é quase secundária, mas não pode deixar de ser mencionada, até porque é sempre de registar que, depois de tudo o que se tem alcançado em termos técnicos, exista ainda algo que nos surpreenda, neste campo, ainda que parcialmente. «Toy Story 2» tem diversos momentos assim. O que mais retive foram alguns dos segmentos com o coleccionador Al, em particular quando está a dormir, em que o boneco parece realmente… imagem real. A escolha das vozes contribui largamente para o sucesso (artístico) do filme. No caso de Al, é difícil pensar numa voz tão adequada quanto a de Wayne Knight, mais conhecido pelo seu papel na série de TV "Seinfeld".

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Publicado on-line em 28/2/00.