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A Barreira Invisível/The Thin Red Line
Realizado por Terrence Malick
EUA, 1998 Cor - 171 min. Anamórfico

Com: Sean Penn, Adrian Brody, James Caviezel, Ben Chaplin, George Clooney, John Cusack, Woody Harrelson, Elias Koteas, Nick Nolte, John C. Reilly, Arie Verveen, Dash, Mihok, John Savage

Guadalcanal, 1942. Tropas Americanas tentam recuperar o controle da ilha aos Japoneses, no início do que seria a primeira grande batalha entre os dois poderios militares. O soldado Witt (Caviezel) abandona regularmente o seu posto, sem esperar pela requerida licença, mas consegue sempre evitar sérias punições por tal comportamento, graças à compreensão do sargento Welsh (Penn). Após o início das hostilidades, o capitão Staros (Koteas), no comando da Companhia C-for-Charlie, questiona as ordens do tenente coronel Tall (Nolte) para investir directamente contra um bunker inimigo, considerando que tal resultará num elevado número de baixas e que o objectivo poderá ainda assim não ser alcançado.

«The Thin Red Line» assinala o regresso de Malick à realização, após um interregno de 20 anos, depois dos muito apreciados «Days of Heaven/Os Dias do Paraíso» (1978) e «Badlands/Noivos Sangrentos» (1973), e já 10 anos passados após o momento em que apresentou o projecto aos produtores. É sintomático que, com apenas dois filmes no seu currículo - e levados ao grande écran há mais de duas décadas -, Malick tenha conseguido obter o elevado financiamento requerido (55 milhões de dólares) e que tantos actores de primeira linha tenham aceitado qualquer papel, independentemente da importância e do tempo de écran (veja-se a participação de Clooney ou de Travolta). A Fox terá suportado a factura de um blockbuster que, na verdade, é um "art film", na expectativa de uma enxurrada de prémios da Academia. Deve existir muita gente decepcionada, já que nem sequer o prémio cuja atribuição devia ser quase automática encontrou o caminho para o topo da lareira de um membro da equipa de Malick. Falamos, claro, da excelente fotografia de John Toll.

Não tão preocupado em construir meticulosamente um filme que "convença" e "ensine" que a guerra é algo muito violento e horrível, como Spielberg em busca do «Soldado Ryan», o guião de Terrence Malick, após a obra original de James Jones - que já havia dado origem a um filme em 1964, realizado por Andrew Marton -, debruça-se antes sobre questões menos materializáveis, vagueando pelo interior da alma dos soldados. O recurso à voz-off, já patente nos anteriores dois títulos de Malick, parece ser indispensável.

«The Thin Red Line» passa-se num cenário de guerra e não deixa de nos mostrar os seus horrores, como a cruel, mas necessária, perda de valor da vida humana perante objectivos militares, mas o âmago do terceiro filme de Malick está no contraste entre a serena natureza - ilustrada nas paradisíacas paisagens da ilha - e a morte e destruição trazida pelo conflito entre as tropas inimigas. As imagens do retiro de Witt, na introdução do filme, apresentam-nos o modo de vida dos Melanésios, em harmonia com o meio natural circundante, algo que o soldado gostaria de preservar para si, apesar de saber que é algo que pode apenas provar fugazmente. A cena em que um indígena se cruza com os soldados, alheio à sua presença, é também reflexo dessa atitude de ignorar tudo o que seja exterior ao ciclo natural, porque os homens podem continuar a matar-se mas a natureza permanece e renova-se.

A duração de «The Thin Red Line» (fica-se pouco aquém das três horas), e uma estrutura narrativa pouco preocupada com picos cíclicos de emotividade e de acção, pode ser um relativo impedimento à sua apreciação plena, pelo que aqueles que procurarem mero entretenimento farão melhor em considerar outro programa. Uma boa projecção e reprodução sonora são essenciais. Apesar da referida extensão, não há nada que justifique a imposição de intervalos, principalmente introduzidos a martelo, em algumas salas ainda demasiado "tradicionais". Infelizmente não parece que as inevitáveis obras para duplicar os écrans e o espaço comercial circundante, i.e., a "modernização" de tais salas, venha a compensar a ausência das irritantes interrupções.

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Publicado on-line em 29/3/99.