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Siam Sunset
Realizado por John Polson
Autrália/Reino Unido, 1999 Cor - 91 min. Anamórfico.

Com: Linus Roache, Danielle Cormack, Ian Bliss, Roy Billing, Alan Brough, Rebecca Hobbs, Terry Kenwrick, Deidre Rubenstein, Heidi Glover, Peter Hosking

Perry (Roache) trabalha para uma fábrica de tintas britânica, como designer de cores. Uma tragédia vai por termo à sua vida pacata e feliz e um jogo de bingo vai levá-lo numa atribulada viagem de autocarro pelas planícies da Austrália, onde conhece Grace (Cormack), uma jovem que aproveita a boleia para fugir de um ex-namorado homicida. Perry tenta esconder-se das memórias amargas do seu passado recente, ao mesmo tempo que procura incessantemente uma cor específica - o "pôr do Sol siamês", referido no título. O condutor do autocarro quer apenas chegar mais depressa ao final da viagem, do que o veículo da empresa concorrente.

O dossier de imprensa de «Siam Sunset», em Cannes, solicitava aos críticos que não se referissem a "desenvolvimentos do enredo específicos ou fora do comum", quando escrevessem sobre o filme. O pedido tem razão de ser, pois existe uma série de surpresas que devem ser vistas sem qualquer preparação, sendo óbvio que se torna mais fácil basear um texto crítico em meia dúzia dessas situações. Por outro lado, é ainda mais fácil, no caso de uma apreciação negativa, reduzir a obra a essas "curiosidades", algo que é apanágio de alguns analistas da 7ª Arte, sempre que concluem que determinada obra não merece muito tempo ou espaço na sua publicação.

«Siam Sunset» é filmado por Brian J. Breheny e produzido por Al Clark, respectivamente, cinematógrafo e produtor de «Priscilla: Queen of the Desert», um filme que apresenta igualmente grande parte da acção no interior de um autocarro, em viagem por longas estradas do interior australiano. Aqui os personagens não são "drag queens", mas um conjunto de pessoas mais ou menos vulgares, daquelas com que poderíamos chocar numa rua (australiana) movimentada, sem prejuízo de lhes serem adicionados particulares coloridos (o trocadilho é propositado), por razões dramáticas ou - mais naturalmente - humorísticas. O casal central assume contornos típicos; o inglês algo empertigado e reservado e a australiana moderna, prática e descontraída, que dele vai precisar inicialmente para fugir do louco homicida com quem teve uma relação.

A narrativa arruma-se de forma bastante dinâmica, sem tempos mortos (a duração fica-se pelos 90 minutos, um tempo cada vez menos em moda), agarrando o espectador logo com a tragicómica e tresloucada sequência inicial, que constitui um daqueles momentos que podem provocar gargalhadas histéricas ou um silêncio inquisitivo. Os fenómenos vão continuar a perseguir Perry até ao final do filme, sempre que se requer agitar a sequência de eventos. Há um momento em particular, durante o confronto com o vilão, preparado anteriormente, que funciona particularmente bem.

A composição scope, adequada para um road movie com cenários a perder de vista como este, é bem empregue mesmo na simples interacção entre os personagens, por isso recomenda-se cuidado com vídeos formatados. Grande Prémio Fantasporto 2000, apesar do melhor filme ter sido «Tuvalu».

****
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Publicado on-line em 11/6/00.