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Shaft
Realizado por John Singleton
EUA/Alemanha, 2000 Cor – 99 min. Anamórfico.

Com: Samuel L. Jackson, Vanessa Williams, Jeffrey Wright, Christian Bale, Busta Rhymes, Dan Hedaya, Toni Collette, Richard Roundtree

Um jovem Negro é assassinado à saída de uma discoteca, suspeitando-se de motivações raciais na origem dos acontecimentos. O detective John Shaft (Jackson) lidera a investigação, mas cedo a principal testemunha, a barmaid Diane Palmieri (Colette), desaparece sem deixar rasto. O principal suspeito é Walter Wade Jr. (Bale), filho de um rico empresário, cujo poder económico parece ser o principal factor para a realização ou não de um julgamento.

«Shaft» não é tecnicamente uma sequela ou um remake do filme de Gordon Parks, de 1971, espécie de obra máxima da “blaxploitation”, um género primariamente destinado a plateias de negros, que não se identificavam com o produto “branco” de Hollywood, e caracterizado por muita violência e sexo. O John Shaft do filme de John Singleton é o sobrinho da personagem interpretado por Richard Roundtree, há quase 30 anos atrás. Este aparece brevemente para dar alguns conselhos ao protagonista.

O novo «Shaft» poucas relações tem com o original, para além dos nomes e do tema musical, reinterpretado por Isaac Hayes. Actualmente, o sexo já não vende tanto e os estúdios preferem não arriscar chatices com classificações etárias que afastem o público. A acção não se afasta muito do que se faz normalmente nos modernos filmes de polícias e ladrões, sendo em alguns momentos particularmente descuidada, como quando um suspeito salta através de vários vidros e não apresenta qualquer corte. O mesmo se pode dizer da estrutura onde se arruma o argumento. Aqui não há muito a acrescentar, excepto talvez que o final é decepcionante porquanto prefere fugir à “responsabilidade” de uma conclusão decente e honesta. Um mecanismo demasiado usado por Hollywood e que aqui se sente particularmente preguiçoso.

É notório que a produção procurou sobretudo explorar a “coolness” de Samuel L. Jackson, com um seguimento de culto que transcende as audiências negras, e não tentar recuperar a “blaxploitation” de que, aliás, «Scary Movie» parece estar mais próximo. Eis um actor que se pode arriscar a ser estereotipado pelos seus papéis em filmes de gangsters, recheados de tiros e palavrões proferidos ininterruptamente (poupados na tradução, para proteger o mais frágil público português). Destaca-se o trabalho de Christian Bale, provavelmente fresco do seu “psicopata americano”. E por onde anda esse filme, já agora?

**1/2
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Publicado on-line em 10/12/00.