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Hora de Ponta/Rush Hour
Realizado por Brett Ratner
EUA, 1998 Cor - 98 min. Anamórfico.

Com: Jackie Chan, Chris Tucker, Tom Wilkinson, Philip Baker Hall, Mark Rolston, Tsi Ma, Rex Linn, Ken Leung, Chris Penn, Elizabeth Peña

Em 1997, no momento em que a China se prepara para tomar posse de Hong Kong, o inspector Lee (Chan) é responsável pelo desmantelamento de um braço de uma organização criminosa e pela recuperação de um vasto espólio de obras de arte Chinesa roubadas. No entanto, o criminoso Sang (Leung) consegue evadir-se, e a identidade do responsável pelos crimes, Jun Tao, permanece desconhecida. O consul Han (Tsi), amigo pessoal de Lee, abandona HK e ocupa um novo posto em Los Angeles, EUA, onde a sua filha vem a ser raptada. Han insiste na intervenção de Lee, que é chamado de HK, mas o FBI, procurando evitar intromissões externas, planeia apenas convencê-lo de que está a fazer algo de útil. Para mantê-lo afastado da investigação pedem ao LAPD que envie alguém odiado por todos. O parceiro (à força) de Lee será o detective James Carter (Tucker). Como é óbvio, a dupla irá fazer tudo menos afastar-se do caso.

«Hora de Ponta» não anda longe do típico "filme de Jackie Chan", e é o que o vem confirmar perante o público Norteamericano (há muito que Chan é a maior estrela da Ásia) ou melhor como estrela lucrável em filmes de Hollywood. Já desde «O Protector» (1985) que se havia tentado "vender" Chan ao mercado Anglófono, mas, não só este viria a resultar num flop, como Chan ficaria irritado com o rumo que o estúdio e o realizador lhe quiseram dar, regressando a Hong Kong onde remontou uma versão diferente. Um filme que realmente funcionou bem nos EUA foi «Rumble in the Bronx» (1995) (conhecido por cá pelo patético título de «Jackie Chan nas Ruas de Nova Iorque»), o qual é muito - mas mesmo muito - mauzinho. Com o sucesso, surgem os relançamentos de inúmeros dos seus filmes, por diversas distribuidoras, como a Miramax ou a New Line, o que também resulta - obviamente - numa distribuição nacional por diferentes mãos (Castelo Lopes, Lusomundo, etc.) Esses lançamentos Americanos são, quase sempre, versões dobradas em Inglês (o público cinéfilo tem sempre acesso nos EUA às versões originais, pelo menos em vídeo; por cá esse público é um mito), bem como censuradas pelo esforço de "adaptação" do respectivo estúdio. São as versões que, alegremente, todos os distribuidores nacionais nos permitem alugar em vídeo. Obrigado.

«Rush Hour» nunca poderia ser senão um filme de entretenimento puro. Outra coisa não se poderia esperar. Há a curiosidade de se ver com bastante agrado, em particular porque muitos momentos de comédia funcionam e porque o emparelhamento com Tucker dá os seus frutos, mas de, a posteriori, sentirmos um certo amargo de boca. Não existem grandes sequências de acção aparatosa - mas destaca-se um típico "momento Chan", com combates de artes marciais no meio de vasos de valor incalculável -, provavelmente porque os EUA não são HK, onde há uma maior descontracção em partir alguns ossos de vez em quando e onde o conceito de "risco admissível" é bem mais lato. De resto, Chan continua a não recorrer a duplos para a maioria das cenas e a provavelmente não conseguir que ninguém lhe faça um seguro.

Cumprindo com eficácia a sua função de entreter o espectador por algum tempo, o (relativo) entusiamo desvanece-se quando nos debruçamos sobre o que acabámos de ver. Dez minutos depois, já nos esquecemos que nos divertimos e recordamos apenas que se tratou de mais um filme convencional, com o recurso a clichés já difíceis de suportar, como o do irritante "vilão trepador". Também há sempre um objecto pessoal que ajuda o protagonista a encontrar pistas (compare-se com o caso de um filme completamente diferente, «Um Crime Real», de Clint Eastwood), só que, neste caso, constitui um lamentável erro de continuidade, pois não faria sequer sentido que esse adereço voltasse a entrar em cena.

Como é costume nos filmes de Chan, acompanham os créditos finais uma série de takes falhados, faltando apenas as frequentes imagens do actor/duplo a ser levado numa maca. Em relação à filmografia anterior, «Rush Hour» atira aqui e ali com algumas referências, nomeadamente a «Police Story/Ging Chaat Goo Si» (1985) (alguém pendurado num autocarro), não se coibindo ainda de incluir uma gracinha com a situação-embaraçante-com-seios, demasiado frequente em comédias made in HK.

**1/2
classificações

Publicado on-line em 3/5/99.