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Planeta dos Macacos/Planet of the Apes
Realizado por Tim Burton
EUA, 2001 Cor- 119 min. Anamórfico.

Com: Mark Wahlberg, Tim Roth, Helena Bonham Carter, Michael Clarke Duncan, Kris Kristofferson, Estella Warren, Paul Giamatti, Cary-Hiroyuki Tagawa, David Warner

O astronauta Leo Davidson atravessa uma tempestade magnética que o leva para um planeta onde os macacos dominam e os humanos são escravizados. Davidson vai tentar descobrir um meio de sair do planeta, ajudado por uma defensora dos direitos dos homens, Ari (Bonham Carter), e perseguido de perto pelo militarista Thade (Roth), que não olha a meios para a realização dos seus fins. Apresentado com uma “re-imaginação” do filme original de Franklin Schaeffer, com Charlton Heston (com um cameo na nova versão).

A obra anterior de Tim Burton já nos fazia suspirar por mais um bom realizador com ideia próprias a ser abafado pelo sistema de estúdios, reconduzindo-o ao mero papel de tarefeiro. «Sleepy Hollow» (1999) é bonito de se ver, mas tem limitações que o colocam na categoria de “forma a dominar o conteúdo”. Os problemas com «Planeta dos Macacos» não são propriamente de excesso formal ou de insuficiência de texto. Acontece aqui muita coisa, adicionam-se alguns elementos interessantes em relação à versão original da história (como o movimento que se opõe à exploração dos humanos) e há um esforço por complicar e surpreender o espectador, mas isso não é suficiente.

A civilização Macaca apresenta-se num nível de desenvolvimento que estaria uns bons séculos atrás do nosso (sem veículos motorizados nem armas de fogo), mas o design da cidade e das roupas ou armaduras parece colidir com isso. O planeta parece ter apenas uma cidade colonizada, apesar de se presumir uma evolução de milhares de anos. Os humanos parecem ter uma inteligência pelo menos similar à dos macacos, pelo que se torna difícil de perceber porque é que simplesmente não tem civilização. Apesar de haver referências a tribos de humanos “selvagens”, estes têm uma dicção do inglês tão perfeita quanto qualquer macaco culto. Por alguma estranha razão, as humanas parecem ter acesso a maquilhagem e a – suspeita-se – implantes de silicone. Por fim, se os problemas da personagem em conflito com a sua sociedade (Ari), se mostram interessantes, o destino do astronauta perdido, no centro do filme, acaba por ser o menos bem sucedido no que toca a tentar captar-nos a atenção.

Como é sabido, o filme original apresenta uma surpresa chocante – que o título nacional tentou estragar – e parece ter havido uma necessidade de providenciar um choque que se equiparasse ou superasse o do original, o que se vem a revelar um tanto ou quanto forçado. Concebem-se vários cenários e hipóteses para chegar a tal conclusão, mas o objectivo parece ser pouco mais do que meter as pessoas a falar durante o regresso a casa.

O design gráfico e o trabalho de maquilhagem de Rick Backer são dignos de alguns prémios, que certamente irão amealhar. Os actores conseguem fazer passar um pouco deles para o exterior, mas não chegará para que sejam considerados para um Oscar (nem as exigências de representação para aí levariam). Os saltos gigantescos dos símios não parecem ter muita lógica, senão para adicionar espectacularidade. Ou talvez porque seja moda (hey, se recentemente estreou um filme sobre mosqueteiros com acção ao estilo de Hong Kong, não há nada que possa destoar).

Há referência a uma suposta cena de sexo entre Mark Wahlberg e Helena Bonham-Carter (filmada ou ficou-se no script?) que o estúdio teria insistido em cortar, mas no estado actual do filme não parece encaixar-se em lado algum. Se tiver sido filmada, certamente que a edição especial em DVD a aproveitará para vender mais uns milhares de cópias.

**1/2
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Publicado on-line em 23/9/01.