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A Guerra das Estrelas Episódio I A Ameaça Fantasma/
Star Wars Episode I The Phantom Menace

Realizado por George Lucas
EUA, 1999 Cor - 133 min. Anamórfico

Com: Liam Neeson, Ewan McGregor, Natalie Portman, Jake Lloyd, Pernilla August, Frank Oz, Ian McDiarmid, Oliver Ford Davies, Hugh Quarshie, Ahmed Best

O planeta Naboo sofre um bloqueio por parte da Federação do Comércio, e Qui-Gon Jinn (Neeson) e o seu aprendiz, Obi-Wan Kenobi (McGregor), cavaleiros Jedi são enviados para mediar a disputa. A Rainha Amidala (Portman) vê-se obrigada a fugir, escoltada pelos cavaleiros. No planeta Tatooine, encontram o pequeno Anakin Skywalker (Lloyd) e Qui-Gon vê nele o Jedi que no futuro trará equilíbrio à Força. Ainda com o auxílio de um Gunga chamado Jar Jar Binks (Best, sob uma imagem completamente digital), as forças do Bem tentarão libertar Naboo da influência das trevas.

Um dos filmes mais esperados do ano, e, para muitos, das duas últimas décadas, o «Episódio Um» da saga da «Guerra das Estrelas», pode também ser inscrito como candidato na categoria da maior desilusão dos últimos anos. Passando-se algumas décadas antes do filme original, lançado como «Star Wars» e apelidado, pouco depois, aquando do relançamento motivado pelo inesperado sucesso ($200 milhões de dólares para um filme que custou $11,5 milhões), «Star Wars Episode IV A New Hope», qualificando-se desse modo como "prequela" (os que detestam neologismos, que perdoem) ou "retro-sequela", este capítulo da mais famosa série de filmes da história do cinema estava incumbido com a missão de sustentar a base da primeira trilogia (1977-83) e de apresentar a geração que precedeu Luke Skywalker e a Princesa Leia. Tal passaria por construir situações e personagens que conduzissem satisfatoriamente ao universo conhecido nas partes IV-VI, isto é, por desenvolver a história passada há muitos anos numa galáxia distante.

No entanto, «A Ameaça Fantasma» pode resumir-se a uma série de sequências fracamente interligadas, reminescentes das "salas" de jogos de computador, em particular alguns mais arcaicos como "Space Quest", onde, basicamente, se tinha de obter determinado item para avançar para a sala seguinte (dinheiro, um cartão de identificação falso, a peça de uma nave espacial). Nesses jogos não era infrequente haver também um segmento diferente, como por exemplo uma corrida, onde se passava de um plano bidimensional - o boneco movia-se da esquerda para a direita ou ao contrário - para um plano tridimensional - com a "câmara" por detrás do veículo. No filme de Lucas, é esse também um momento "emocionante", um ponto alto num filme com um nível médio de emotividade bem abaixo das águas de Naboo (e com a mesma inteligência que por lá prolifera). O deslumbre do «Episódio I» é fundamentalmente técnico, mas os efeitos especiais, por muito perfeitos e bem integrados com a imagem real que sejam, não fazem um filme bom nem sequer médio, como neste caso.

Apesar de ter linhas gerais simples potencialmente interessantes - o início da ascensão de um cavaleiro Jedi, no cenário de uma conspiração inter-galáctica -, Lucas agarra-se aos cenários e aos computadores e põe de parte os personagens. McGregor e Neeson andam de um lado para o outro, sem que nada ocorra para revestir Qui-Gon e Obi-Wan com alguma densidade. (O revestimento mais elaborado são as vestes da Rainha Amidala.) Não há preparação digna de um clímax na sequência dos combates finais, nem há propriamente um clímax. A luta de três vias, contra Darth Maul (Ray Park), prossegue com muito barulho e com pouca emoção e contribuição de Anakin apresenta-se de modo desnecessariamente ridículo.

Não deixando de ser um dos filmes mais rentáveis de sempre (em número 3 neste momento), o filme de Lucas não "arrasou" tanto quanto se poderia esperar, em particular por não se ter registado um número elevado de visionamentos repetidos por parte do público, como aconteceu, por exemplo, com «Titanic» (1997). Tal que não pode deixar de indicar uma certa dissatisfação de grande parte da audiência. Lucas justifica todas as fraquezas da história de forma muito simples e directa: o filme destina-se a crianças a entrar na adolescência; quem estiver fora desse escalão etário não tem que reclamar. Como se a primeira trilogia - ou pelos menos os dois primeiros filmes - não conseguissem manter um conteúdo "para todos os públicos", sem reduzir e simplificar ridiculamente o argumento e os personagens.

**
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Publicado on-line em 24/10/99.