cartaz
comentários
coluna
secção informativa
favoritos
arquivo

index

Beijos que Matam/Kiss the Girls
Realizado por Gary Fleder
EUA, 1997 Cor - 120 min. Anamórfico
Com: Morgan Freeman, Ashley Judd, Cary Elwes, Tony Goldwyn, Jay O. Sanders, Bill Nunn, Justina Vail, Brian Cox, Alex McArthur, Richard T. Jones, Jeremy Piven, William Converse-Roberts, Gina Ravera

O detective Alex Cross (Freeman) é um psicólogo forense no Departamento de Polícia de Washington, D.C., que decide deslocar-se à Carolina do Norte onde a sua sobrinha Naomi se encontra desaparecida há vários dias. Em colaboração com a polícia local, Cross vai constatar que várias mulheres foram raptadas, sendo a responsabilidade atribuída a um criminoso auto-denominado "Casanova". A investigação irá contar com o auxílio da única pessoa que teve contacto com o raptor psicopata, a médica Kate McTiernan (Judd).

«Kiss the Girls» não foge a nenhuma das convenções que "impõem" as características a um thriller americano de estúdio. O herói é apresentado logo no início como um polícia competente, numa cena que terá que ter algum paralelo no final; como a heroína não é da mesma cor de pele, não há romance pelo caminho (só haveria se esse fosse o tema do filme); o criminoso é muito engenhoso, mas perde essas características perante a necessidade de se estabelecer um climax segundo as regras, i.e., quando está para ser apanhado não foge, antes se dirige para o cenário onde a equipa prepara a rodagem da sequência final. Outras incongruências perfeitamente dispensáveis existem; umas para pôr as coisas a andar outras que parecem ser distracções completamente dispensáveis, como uma certa porta fechada a cadeado que não se percebe muito bem o porquê, nem - e mais grave - como. Também não poderia deixar de existir o suspeito que parece vestir uma t-shirt com a frase "fui eu!", e em que toda a gente acredita, menos o nosso herói.

Gary Fleder realizou este filme depois do muito superior «Things to Do in Denver when You're Dead» (1995), disponível no mercado vídeo nacional há não muito tempo, numa cópia vídeo sem grande qualidade, como aliás é costume. O estilo de Fleder adapta-se bem aos diferentes géneros de filmes. A variação na qualidade passa pelo script que tem em mãos. «Kiss the Girls» - ao contrário do que o título português possa sugerir não há homicídios por osculação («Beijos Mortais», «Beijos Fatais», «Beijos Assassinos», etc., são títulos igualmente brilhantes que já deviam estar ocupados) - não é propriamente um mau filme. É sim, o que por vezes é mais frustrante do que um genuíno "perú", um filme que poderia ser bom. A história é bem construída, os personagens razoavelmente em delineados, mas depois frustra-se o espectador quando se aproximam as resoluções necessárias, na habitual política de arriscar e de inovar pouco, que, apesar de arruinar filmes frequentemente, parece continuar a ser mais rentável. Os estúdios parecem ceder bastante nos dois primeiros actos, mas insistem em simplificar o desenlace.

Ashley Judd continua a merecer melhores papeis e mais tempo de écran. Desempenhou alguns personagens sugestivos, como a mulher sexy que leva à perdição um fanático religioso, em «The Passion of Darkly Noon» (1995), de Phillip Ridley ou a esposa de Val Kilmer no excelente «Heat» (1995), de Michael Man (um papel para o qual Maggie Cheung, aparentemente, chegou a participar em audições). Interpretou também uma mulher semi-esquizofrénica em «Normal Life» (1996), de John MacNaughton, que infelizmente chegou cá numa versão "editada para TV" (americana), com as cenas mais quentes removidas, uma prática da Lusomundo cuja extensão ainda está por definir. (Leia o artigo aqui.)

***
classificações