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Sei o que Fizeste no Verão Passado/
I Know what You Did Last Summer

Realizado por Jim Gillespie
EUA, 1997 Cor - 100 min. Anamórfico
Com: Jennifer Love Hewitt, Sarah Michelle Gellar, Ryan Phillippe, Freddie Prinze Jr., Muse Watson, Bridgette Wilson, Anne Heche, Johnny Galecki, Stuart Greer, J. Don Ferguson, Deborah Hobart, Mary McMillan

Quatro jovens num carro atropelam alguém, na noite de 4 de Julho, nos arredores de uma pequena vila piscatória americana. Pesados os prós e os contras, consideram que o melhor a fazer é livrarem-se do corpo, e não voltar a falar sobre o assunto. Um ano depois, como se não bastasse a vida correr mal a todos eles - os pecadores não podem ser felizes -, surge um bilhete que diz... Bom, é óbvio, não? A partir daí, um pescador mal-humorado vai dar caça (pesca?) aos nossos heróis.

O sucesso de «Scream», também escrito por Kevin Williamson, abriu as portas para alguns quilos de filmes de terror. A situação é tão grave que se fala num remake de «Psycho» e até mesmo num «Halloween 7», de novo com Jamie Lee Curtis. Como é óbvio - infelizmente - Hollywood não pretenderá fazer mais um filme interessante como «Scream», se puder fazer meia dúzia de filmes inconsequentes que sejam bem recebidos pelo público adolescente do género.

Kevin Williamson, aliás "o autor de «Scream»" vende «Sei o que Fizeste no Verão Passado» no cartaz, mas o público-alvo dos dois filmes é muito diferente. Enquanto que no primeiro filme os personagens e o público tinham visto uma boa quantidade de filmes de terror, e identificavam situações mais ou menos ridículas em que os personagens se metiam sem nenhuma razão para além das exigências do guião, este último pretende ser o pior desses filmes. I.e., é um objecto para o público mais jovem que não viu filmes como «Halloween» ou «Massacre no Texas», nem, em particular, os enxames de cópias miseráveis destes e de outros clássicos que se produziram em finais da década de 70 e inícios da década de 80.

«I Know What you Did...» apresenta imensos potenciais suspeitos com a subtileza de um elefante numa loja de cristais. Como é habitual em todos os maus filmes do género, o psicopata é um autêntico deus enquanto não é desmascarado, fazendo as maiores improbabilidades, como colocar um corpo no porta-malas de um carro e depois retirá-lo (em plena luz do dia!) só para chatear alguém. Assim que é desmascarado torna-se vulnerável. Tanto quanto receber pancadas com ferro maciço na cabeça sem ficar com uma única nódoa negra, se possa inserir nessa classificação. Não faltam, evidentemente, os sons assustadores sempre que o psicopata volta a despertar dos mortos.

O que falta em argumento procura ser colmatado com uma série de "saltos", qual deles o mais disparatado. Gatos a saltarem no «Sexta-Feira, 13» fazem algum sentido, mas pessoas que saltam e batem em janelas, apenas porque é uma forma "gira" de assustar a audiência, é patético. Alguma coisa separe o Homem (mesmo o dos filmes de terror) das bestas. Aparentemente resulta, especialmente com a tal audiência adolescente, a entrar em férias da Páscoa. Gillespie mantém-se muito afastado dos limites de violência da classificação etária almejada, o que não contribui nada para a já difícil digestão (e nem sequer utiliza um "obrigatório" plano de topless).

IKWYDLS já seria datado há 10 anos atrás; imagine-se agora. Depois de toda a espécie de psicopatas que os slasher movies nos trouxeram não fazia falta nenhuma um "terrível" pescador assassino. O que virá a seguir? A bibliotecária sanguinária que esmaga crânios de alunos cábulas com a "Guerra e Paz"? Esperanças em «Scream 2», no entanto. Nenhumas na sequela a este filme.

*1/2
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