cartaz
comentários
coluna
secção informativa
favoritos
arquivo

index

Besat [título inglês: Possessed]
Realizado por Anders Rønnow-Klarlund
Dinamarca/Noruega, 1999 Cor - 99 min.

Com: Udo Kier, Ole Lemmeke, Kirsti Eline Torhaug, Ole Ernst, Niels Anders Thorn, Jesper Langberg, Iben Hjejle

Quando um passageiro proveniente da Roménia morre no aeroporto de Copenhaga, apresentando sintomas similares aos do vírus Ebola, Søren (Lemmeke), um jovem médico virulogista decide investigar o caso, mesmo contrariando as ordens dos seus superiores, que se recusam a admitir a potencial gravidade do caso. Acompanhado da namorada, Sarah (Torhaug), viaja à Roménia, na tentativa de obter uma amostra a partir do cadáver de um jovem falecido, apresentando os mesmo sintomas. Entretanto, a polícia Dinamarquesa persegue Vincent Monreau (Kier), um homem misterioso com ligações a uma seita ocultista, devido às aparentes ligações com as mortes de indivíduos infectados.

«Besat» começa por provocar alguma inquietude no espectador, ao revelar que a actual rede de ligações aéreas permite que um vírus extremamente contagioso se alastre às principais cidades mundiais no período de 24 horas. Este filme - o segundo de Rønnow-Klarlund - é uma mistura de filme-catástrofe com thriller apocalíptico. A definição "clínica" da ameaça é posta em causa bem cedo e elementos místicos, religiosos e profecias sobre o fim do mundo, são chamados à colação.

A estrutura aqui presente é-nos familiar da ficção científica (maxime «The Hidden») ou mais profusamente no horror, onde um padre/estudioso/cientista/etc. luta contra o senso comum, tentando convencer os outros de que determinada ameaça não é o que parece e de que os seus efeitos poderão ser devastadores e/ou irreversíveis (o fim do mundo, o início da idade das trevas, aumentos satânicos dos preços dos combustíveis, etc.) Aqui, o Van Helsing incompreendido é desempenhado pelo prolifero actor germânico Udo Kier, que ao longo da sua carreira tem deixado a marca em cinematografias variadas: foi o Barão Frankenstein em «Flesh for Frankenstein» (1974), de Andy Warhol, passou pela exploitation francesa («História d' O», 1975), pelo giallo italiano, dirigido por Dario Argento, em «Suspiria» (1977), por alguns filmes de Lars von Trier, e também por recentes blockbusters americanos, como «Blade», «Armageddon» (1998) ou «End of Days» (1999)

Com a vantagem de ter menos limitações narrativas impostas a um filme similar made in U.S., «Besat» não deixa de parecer um produto preparado para se afirmar, ainda que com as limitações da praxe (a língua), no mercado internacional. Um pouco de sexo, um pouco de acção e violência, um mistério que não se quer demasiado complexo, são ingredientes que complementam o que acaba por se revelar um agradável filme de género. Apesar do resultado final vir a revelar-se menos interessante do que é sugerido pela apresentação de todas as pistas e pela atmosfera criada, o elenco competente, o argumento minimamente cuidado e a eficaz contenção da câmara, justificam o tempo despendido frente ao écran.

***1/2
classificações

Publicado on-line em 10/4/00.