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Ficheiros Secretos/The X-Files
Realizado por Rob Bowman
EUA, 1998 Cor - 122 min. Anamórfico
Com: David Duchovny, Gillian Anderson, John Neville, William B. Davis, Martin Landau, Mitch Pileggi, Jeffrey De Munn, Blythe Danner, Terry O'Quinn, Armin Mueller-Stahl, Lucas Black

No Norte do Texas, uma criança parece ser contaminada por um estranho virus, no mesmo local onde, 35000 anos A.C., homens primitivos defrontaram uma estranha criatura. Em Dallas, os agentes do FBI Fox Mulder (Duchovny) e Dana Scully (Anderson) investigam uma ameaça terrorista que recaiu sobre um edifício federal. Os agentes juntam as peças de um puzzle de uma conspiração relacionada com a ocultação da existência de vida extraterrestre, que poderá envolver altas esferas do governo americano.

O primeiro filme dos «Ficheiros Secretos» - porque se duvida que não se façam outros - situa-se temporalmente depois do final da série que actualmente passa na TV portuguesa, quando o departamento de Mulder e Scully será (uma vez mais) encerrado, e o final parece preparar tanto o início da nova série como o segundo filme. No entanto, não é isso que há-de destituir o espectador dos seus ensejos de ir ver a estreia cinematográfica da dupla de investigadores mais famosa da história da TV, porque o filme de Rob Bowman foi concebido o mais "para todos os públicos" possível, o que à partida potencia não existir complexidade narrativa em excesso; tem de se dar algo que os fans da série estejam à espera, mas sem alienar o mais variado público do cinema. Compromissos nunca ajudaram muito à realização de bons filmes, e «The X-Files» não é tão bom filme quanto série de televisão. Há episódios com melhores histórias, que dariam até, possivelmente, uma melhor longa metragem.

Os apreciadores da série de TV não hão-de dar por mal empregue uma deslocação às salas de cinema. Têm duas horas do produto conhecido, com melhor som e projectados num formato largo, que, infelizmente, está notoriamente comprometido com a futura cópia vídeo, proporcionando alguns momentos a nível de fotografia perfeitamente horríveis, no que diz respeito a má composição e elevado grão em cenas mais escuras (o que será corrigido no écran de TV). Não é propriamente um contrato com o diabo, mas com um empreiteiro mais barato e que fornece piores materiais. Além disso, também não há logotipos no écran, intervalos de 10 minutos ou remontagens da emissora, nem que seja com avisos de "já a seguir" antes de entrarem os créditos finais. Nada a perder, antes pelo contrário. O espectador "ocasional" também não há-de encontrar nada que o deprima excessivamente. A vertente do entretenimento está bem cuidada (mas alguns efeitos especiais, particularmente as misturas de imagem na Antárctida, deixam algo a desejar) e não existem falhas demasiado notórias, se bem que existam pormenores discutíveis aqui e acolá. É fácil obstar, por exemplo, ao personagem de Martin Landau, que incorpora num só diversos outros que têm surgido ao longo da série, e que surgem para dar um empurrão à investigação. E cenas em becos escuros são sempre estimulantes; o espectador sabe que algum carro ameaçador tem que entrar por ali adentro, mais cedo ou mais tarde. Os palpites de Mulder costumam ter algum fundamento na TV, mas no início do filme os seus movimentos parecem ser guiados primeiro por percepção extra-sensorial e depois por incríveis coincidências.

O filme mostra mais, como não podia deixar de ser, e também avança algo na indecisão que tem persistido na série, sobre o que é real e o que é para camuflar e se a negação de algo não quer apenas convencer-nos de que os factos são mesmo falsos - sendo na verdade reais - e se negam para julgarmos que são verdadeiros ou se antes pelo contrário. Os personagens surgem mais dinâmicos, mais emotivos (há um princípio, meio e fim de um filme; não é uma série que volta sempre para a semana), ao que não é alheio a experiência do par de actores naquelas peles. Também se tenta voltar a pegar na aproximação emocional, entre Mulder e Scully, com uma resolução pelo menos curiosa (a solução está num jornal de sexta-feira, três vezes em três textos de pessoas diferentes, incluindo num título destacado para quem ache que não vale a pena descobrir estes pormenores por si mesmo, por exemplo indo ver o filme).

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