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Trust/Uma Questão de Confiança
Realizado por Hal Hartley
EUA, 1991 Cor - 105 min.

Com Adrienne Shelly, Martin Donovan, Merritt Nelson, John Mckay, Edie Falco, Gary Sauer, Matt Malloy, Suzanne Costollos, Jeff Howard, Karen Sillas, Tom Thon, M. C. Bailay, Patricia Sullivan, Marko Hunt

Maria Coughlin (Shelly), uma jovem liceal, está grávida e ao dar a notícia em casa o pai (Hunt) sofre um ataque e a mãe (Nelson) expulsa-a de casa. O namorado está preocupado apenas com as consequências na carreira no futebol (americano) e na entrada na universidade.

Matthew Slaughter (Donovan) é conhecido por ser "um homem perigoso". Nunca se percebe bem a natureza da sua perigosidade, mas muita gente afasta-se do seu caminho. É um engenheiro preocupado com a qualidade do material produzido na firma onde trabalha, o que lhe traz alguns dissabores, maxime o despedimento. Vive com o pai (MacKay) e em casa as coisas não correm melhor: o pai é maníaco da limpeza e obriga-o a lavar continuamente a casa de banho.

Dois desajustados cruzam-se em Long Island, N.Y. Precisam um do outro e tentarão resolver os problemas em conjunto, o que poderá passar por Matthew ir morar para a casa de Maria. Mas a mãe desta parece estar mais interessada em orientá-lo para a outra filha, Peg (Falco), nem que tenha de desafiá-lo para um concurso de resistência ao álcool.

«Trust» é provavelmente o melhor filme de Hal Hartley, um realizador que é uma referência cada vez maior naquilo que vulgarmente se chama cinema de autor, e que nos EU preferencialmente se refere como "independente". Ironicamente - ou naturalmente -, Hartley é praticamente ignorado pelo público americano, e não é propriamente acarinhado pela crítica. Os seus filmes chegam a ser exibidos, apenas em grandes cidades, durante uma semana. Na Europa é diferente. Podemos dizer que é aqui que está o seu mercado, e numa perspectiva muito redutora, que é o cineasta americano mais "europeu".

Muitas coisas se repetem nos filmes de Hartley. Os personagens empurram-se constantemente e partem objectos, inadvertidamente ou de propósito. Guerreiam-se verbalmente, e muitas vezes entram em ciclos no diálogo. Uma mulher normalmente sugere sexo a um homem, o que parece ser sempre adiado - e que nunca se mostra, tal como não se mostra qualquer nudez ou violência explícita -, e algo mais ainda há-de impedir essa consumação. O homem é um criminoso ou apenas "perigoso". A mulher, mesmo quando jovem, tem passado sexual. O cenário é Long Island. Os actores representam descomprometidamente, como se estivessem distantes da acção, mas com essa contenção, quase irreal, conseguem transmitir todas as emoções necessárias. O tratamento dos diálogos e da atitude dos actores desenha contornos que fazem o filme parecer um poema. Talvez seja uma forma de entender aquilo que Hartley faz. Poemas visuais socio-urbanos?

Vencedor do prêmio da crítica do festival de Deauville.

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«Trust» © 1991 New Line Cinema Corp.