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Passion/Passion: The Story of Percy Grainger
Realizado por Peter Duncan
Austrália, 1999 Cor - 102 min. Anamórfico.

Com: Barbara Hershey, Richard Roxburgh, Emily Wolf, Claudia Karvan, Simon Burke, Linda Cropper, Julia Blake

Segmento biográfico do pianista australiano Percy Grainger (Roxburgh). A arte, por um lado, com a sua luta em interpretar composições próprias e não as peças clássicas que as audiências preferiam ouvir e o seu fascínio pela música popular, que pesquisava e recolhia, inclusive junto de alcoólicos em tabernas. O relacionamento com as mulheres, por outro lado: a mãe, Rose (Hershey) e Karen Holten (Wolf), aluna, discípula e parceira de flagelações, a qual lhe é inicialmente apresentada por Alfhid (Karvan), noiva do melhor amigo, com o intuito principal de se livrar das investidas românticas do pianista à sua pessoa.

Se por um lado é inevitável, ou pelo menos assim parece ser, que se refira «Shine», sempre que se vier a falar de «Passion», dado que ambos dramatizam a vida de pianistas australianos contemporâneos, também é previsível que o filme de Peter Duncan venha a ficar conhecido como "o filme dos pianistas que gostam de chicotadas". A história deambula pelas pequenas perversões do biografado, apresentando-o como um obcecado que não pode passar sem chicotear e ser chicoteado, como se tal fosse essencial para destilar a energia despendida com o processo de criação artística. Karen aceita-o como ele é, ao contrário de Alfhid, que tinha outros motivos para evitar um relacionamento, maxime ser a noiva do amigo. A possível relação incestuosa com a mãe mal é sugerida, ficando-se pela referência às más-línguas sociais, bem como em comentários ocasionais de outros personagens, que dizem que tal relacionamento não é natural.

Apesar da temática, as cenas mais intensas entre Roxburgh e Wolf parecem ser demasiado estudadas, acabando por surgir com muito pouca naturalidade. Inserido num contexto de abandono artístico e de um possível caminhar para a loucura, este segmento poderia funcionar de outra forma, com alguma intensidade mais dramática do que erótica (não que esta exista), mas «Passion», que poderia ser um filme familiar, para ver ao domingo à tarde, excluindo algumas cenas mais marotas, não parece seguir caminho algum; apenas mostra momentos da vida do pianista e depois termina, com o obrigatório (?) texto em post script a enunciar o destino dos personagens.

**1/2
classificações

Publicado on-line em 29/4/00.