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Ninguém Falará de Nós Quando Morrermos/
Nadie Hablará de Nosotras Cuando Hayamos Muerto

Realizado por Agustín Díaz Yanes
Espanha, 1995 Cor - 104 min.
Com: Victoria Abril, Pilar Bardem, Federico Luppi, Daniel Giménez Cacho, Ana Ofelia Murguía, Guillermo Gil, Ángel Alcázar, Saturnino García, Marta Aura, Bruno Bichir, Demian Bichir

Gloria (Abril) é uma espanhola que abandona o seu país e se prostitui no México, depois do marido ter sofrido um acidente que o transformou num vegetal. Envolve-se com um grupo de gangsters cujos negócios correm mal, e vê-se de regresso a Espanha, passados três anos, trazendo consigo um livro com referências a diversos locais onde se branqueia dinheiro de uma organização dedicada ao tráfico de droga. Regressa à sua casa, suportada pelas aulas da sogra (Bardem), e tenta arranjar emprego, bem como perpetrar alguns assaltos. Tudo lhe corre mal, e não consegue abandonar o alcoolismo. Um dos gangsters (Luppi), com problemas existenciais, acredita que Deus se irá vingar na sua filha, pelas 17 pessoas que matou. No entanto, se não encontrar Glória em Espanha, recuperando o livro e eliminando-a, será ele a sofrer o castigo da sua chefe.

«Ninguém se Lembrará de Nós Quando Morrermos» é uma mistura entre um dramalhão de desempregados e excluídos, e de pessoas a quem a vida corre mal, em geral (pouco falta acontecer à pobre Glória), e o violento filme de gangsters. Na prática, condimenta-se o melodrama com muitas gotas de sangue, a jorrar ou a salpicar a parede. Por outro lado, é de questionar se alguém não se está a rir por detrás da câmaras, particularmente em algumas sequências de violência. A vida desgraçada de Glória, e o seu recurso à prostituição, é caracterizada de uma forma tão simplista, quanto prática. Por três vezes a vemos a praticar sexo oral, para depois gastar o dinheiro em whisky. Terá algum significado simbólico ou corresponderá a alguma espécie de humor retorcido? A cena do assassino e do padre, com a conversa das matanças bíblicas, constitui um bom momento de humor, mas os ultra-melodramáticos sacrifícios dos vários personagens, pelo "outro" ou pela própria redenção, não deveriam ter sido concebidos para nos fazer esboçar sorrisos.

Abril e Luppi destacam-se no elenco, pelo bom trabalho. O personagem de Gloria, passado o limite razoável de sofrimento e de desgraças, parece tornar-se num elemento cómico. Se, por um lado, nos mostram que ela se prostitui e rouba para tentar sobreviver, porque socialmente não tem grande solução (veja-se a entrevista para o emprego), por outro também nos querem dizer que, com esforço e educação, se pode vencer. Enfim, foi pena Díaz Yanes não ter optado por um mero filme de gangsters.

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