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O Lado Obscuro da Lei/Night Falls on Manhattan
Realizado por Sidney Lumet
EUA, 1997 Cor - 114 min.
Com: Andy Garcia, Lena Olin, Richard Dreyfuss, Ian Holm, Ron Leibman, James Gandolfini, Shiek Mahmud-Bey, Colm Feore, Dominic Chianese, Paul Guilfoyle, Donna Hanover, Leonard Tepper

Sean Casey (Garcia), estagiário para magistrado do Ministério Público, vê-se subitamente com a oportunidade de liderar a acusação contra um grande traficante de droga, Jordan Washington (Mahmud-Bey), procurado há muito e responsável pela morte de alguns polícias. Na operação de tentativa de captura participa o pai de Sean, Liam (Holm) e o colega. Durante o julgamento, o advogado de defesa de Washington, Sam Vigoda (Dreyfuss) levanta a questão da corrupção policial nas três esquadras que participaram na operação, afirmando que o arguido agiu em legítima defesa. Sean, ascendendo na carreira vai-se confrontar com a possibilidade do envolvimento do pai em questões com algumas sombras de cinzento. O interesse romântico será Peggy Lindstorm uma advogada assistente de Vigoda (Olin).

O que dizer de «Night Falls on Manhattan»? Não é um mau filme, no sentido próprio da palavra, mas também não é um filme que perdure na memória. Por comparação com o fraquíssimo «A Stranger Among Us» (1992) quase brilha, mas não há muitas "sombras de cinzento" no argumento do filme, apesar de ser isso que se procura retratar, apresentando-se uma série de dilemas morais e a velha situação em que a Justiça é mais importante do que a Lei, e por vezes esta tem de ser ligeiramente dobrada..

Os personagens que são claramente culpados punem-se exemplarmente, e os que erram mas são bonzinhos (logo merecem ser desculpados) não têm grandes problemas. O maior defeito do filme de Lumet é que apresenta dilemas morais dos quais os personagens são libertos por terceiros, como se nunca os quisesse obrigar a fazer algo errado, mesmo como solução mais "justa". Sean vê-se forçado a tomar uma decisão, mas rapidamente outrém lhe tira dos ombros tal responsabilidade. O pai tem culpas para espiar, mas logo o exculpam. O personagem de Olin, que se liga ao de Garcia um pouco "às três pancadas", transmite (i.e., não o resolve) o seu dilema por amor, mas mesmo se o não fizesse, o seu chefe não tomaria as acções que levariam às consequências que todos (principalmente os argumentistas) congeminam evitar. Nesta ocasião só faltava um fundo de passarinhos a chilrear.

O que se pode descrever como contenção na direcção de actores também pode ser chamado de falta de elaboração dos personagens e do argumento. A opção de uma montagem com muitos segmentos entrecortados não se mostra eficaz para transmitir qualquer sensação de tempo decorrido. Para todos os efeitos, de uma hora para a outra, um estagiário torna-se o chefe da Acusação Pública de Nova Iorque. Desse modo temos alguma dificuldade em sentir os dramas dos personagens principais, mesmo quando quase todos têm um plano lacrimejante (Sean, o pai, o colega, Peggy,...).

Ainda assim talvez não seja de desprezar o filme, numa semana sem grandes atractivos em salas de cinema.

Em última nota refira-se que a legendagem é apropriada para um filme Disney, sendo mesmo contraproducente. Exemplifica-se:

Um polícia duro para o outro: "não sei porque bebo tanto café se logo a seguir o vou urinar". No tribunal para descrever um nome porque era conhecido o traficante. Hesita-se um pouco: "MM". O que quer dizer? Hesita-se de novo: "Mean Motherfucker". Isto é, "FM" - Filho da Mãe. Podia ser pior, podiam chamar-lhe "UPC" - Ursinho de Peluche Cor-de-rosa.

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O Apartamento
Realizado por João Tuna, Ricardo Simões, Tiago Beja da Costa e outros
Portugal, 1996 Cor - 12 min.
Com: Maya Booth, Rita Loureiro, José Manuel Mendes, Helen Munro, José Neves, Carlos Pimenta, João Reis, Carlos Rodrigues, Isabel Ruth, Luís Santos

Esta curta-metragem portuguesa, de 12 minutos (ou seja 1,5 minutos por cada um dos oito realizadores) centra-se, como o próprio nome indica, num apartamento. O casal que o arrenda zanga-se, vai-se embora e segue-se uma sequência com potenciais arrendatários; uma senhora da alta que procura casa para o filho, outra senhora com a filha, um professor de música com a aluna favorita - uma lolita (que malandros, hein?) - um militar, uma mulher com ar de modelo (por acaso a actriz é modelo) que molha o vestido, e a la superherói entra na casa de banho para trocar, para dar azo a (mais) uma malandrice de espreitar pela fechadura,...

Enfim. Porquê? O que quiseram estas oito pessoas transmitir com este filme? Não é engraçado, não conta uma história interessante, não prende a nossa atenção, não é um exercício técnico sequer. Quem sabe tal se venha a perceber num dos oito Director's Cut.

Não se preocupem se chegarem tarde ao cinema.

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