cartaz
comentários
coluna
secção informativa
favoritos
arquivo

index

Homens de Negro/Men in Black
Realizado por Barry Sonnenfeld
EUA, 1997 Cor - 98 min.
Com: Tommy Lee Jones, Will Smith, Linda Fiorentino, Vincent D'Onofrio, Rip Torn, Tony Shalhoub, Siobhan Fallon, Mike Nussbaum, Sergio Calderon, Carel Struycken, John Alexander, Michael Willis, Richard Hamilton

Os Homens de Negro são uma agência governamental americana que monitoriza as actividades extraterrestres no planeta terra. Os extraterrestres estão entre nós (a maioria está em Manhattan), e se uns são afáveis e querem viver em paz, outros há que são perigosos criminosos. Surgindo a necessidade de contratar um novo elemento, K (Jones) sugere o agente do NYPD James Edwards (Smith), que demonstrou considerável destreza na perseguição de um alien (sem saber que o era). Um alien perigoso (D'Onofrio) chega à terra com a missão de provocar um incidente diplomático, cujo resultado será a eliminação da terra. O agente K e o agora agente J vão tentar detê-lo a todo o custo, contando com alguma colaboração por parte da Dra. Laurel Weaver (Fiorentino), médica legista.

«Men in Black» (ou «MiB») é um filme que se propõe a mais uma história de ETs, desta feita dando primazia ao humor. Devido às últimas grandes produções de Hollywood é natural estar-se de pé atrás, e a grande pergunta que se faz previamente é se Barry Sonnenfeld («Família Addams», «Get Shorty», cinematógrafo dos primeiros filmes dos irmãos Coen) conseguirá vencer a luta entre a pressão do estúdio para realizar um produto acessível a um número elevado de pessoas, e a tarefa criativa de desenvolvimento da premissa do modo mais original e consistente possível.

Uma das regras para um filme atingir uma larga faixa da potencial audiência - não a mais importante -, é apontar para um PG-13 (maiores de 13 anos) e a consequência menos importante é poder usar-se apenas uma vez a palavra "shit" ("bolas", ao que parece), e a não existência de qualquer "fuck" (como em "vai-te lixar", por exemplo).

A premissa, sugestiva quanto baste - aliens à solta pela cidade, disfarçados de humanos ou não -, permite a representação de algumas sequências bem conseguidas de humor, e muitos caminhos poderiam ser seguidos no desenvolvimento da mesma. Emigrantes ilegais (o início do filme brinca com a expressão "illegal alien", que é usada normalmente para se referir a emigrantes humanos), uma grande parafernália de gadgets, incluindo armas de todos os tamanhos, autópsias, aliens rebentando em líquido viscoso, etc., são alguns dos ingredientes.

Mas, apesar de conseguir parcialmente aquilo a que se propunha - ser uma comédia de FC -, «Homens de Negro» parece não desejar ir mais longe do que poderia facilmente ir. Colam-se sequências sem muitas preocupações de continuidade, e deixam-se muitas pontas por desatar. «MiB» podia ser muito melhor. Não se camuflavam naves na Feira Mundial deixando-as activadas; o alien que Smith persegue no início foge do "fim do mundo", mas não se explica porque é que ele é perseguido pela polícia; não se apresenta nada, como contrapartida, que justifique que os MiB deixem toda a vida para trás. J decide de ânimo demasiado leve, e a opção de mostrá-lo uma noite inteira a pensar é apenas económica em termos de narrativa, e não parece ser caracterização suficiente. No caso de K, as suas opções são muito "porque sim", e não se percebe porque prefere sofrer dezenas de anos longe da sua paixão ou porque decide o que decide depois. Tudo parece ocorrer apenas porque chegou a altura. Este momento talvez seja uns dos mais supérfluos. O filme ganharia mais se se tivesse mantido no registo de comédia, mas, ao invés, permite-se introduzir secções "sérias" que não se desenvolvem convenientemente. Além disso, existe um pequeno lapso de continuidade, demasiado óbvio para que se deixe passar: no fim de uma cena suja (literalmente), Linda Fiorentino aparece amarrotada e a precisar de mudar de roupa e de um banho, mas Jones e Smith têm os fatos impecavelmente limpos.

«MiB» permanece um filme bastante entertaining, a ver descontraidamente. Os efeitos especiais não assumem totalmente o papel principal do filme e não falham em cena alguma. Felizmente não se exagerou o tom "cool" de Jones, nem se forneceram piadinhas rápidas em demasia à estrela em ascensão Smith. Só se lamenta mesmo é o filme que «MiB» prometia, do qual ficou aquém. Fiorentino tem tempo de écran insuficiente. Mas esse é um lapso que provavelmente será corrigido em «Men in Black 2», lá para o verão de 99.

Em Lisboa evite-se o Fonte Nova (pelo menos o 3) que se mostrou incapaz de reproduzir o som digital surround convenientemente. O anúncio de salas novas em DTS e Dolby Digital paira no ar, mas se calhar compraram uma cópia num sistema e exibiram-na na sala equipada com o outro.

images/frame.gifimages/frame.gifimages/frame.gif
classificações