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Gong Dong Gyeong Bi Gu Yeok JSA [Joint Security Area/JSA]
Realizado por Park Chan-uk
Coreia do Sul, 1999 Cor – 110 min.

Com: Lee Byeong-heon, Song Kang-ho, Lee Young-ae, Kim Tae-woo, Sin Ha-gyun, Choi Sang-woo, Kim Myeong-su, Herbert Ulrich

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Um confronto entre forças das duas coreias, na fronteira em Panmunjeom, leva a uma investigação independente sob o comando da entidade neutral constituída por militares da Suiça e da Suécia. Na origem de uma troca de tiros entre as duas forças está a morte de dois soldados norte-coreanos. Um soldado sul-coreano afirma ter sido raptado por soldados inimigos, tendo conseguido escapar depois de disparar contra os seus captores. A história contada por um sobrevivente do outro lado da fronteira é radicalmente diferente: o inimigo entrou pelas instalações adentro, alvejando aqueles que aí se encontravam. Uma oficial coreana criada no Ocidente é escolhida para liderar a investigação, mas nenhuma das partes parece interessada em saber o que realmente aconteceu.

«Joint Security Area» tem sido superficialmente comparado a «Swiri», também com Song Kang-Ho, já que ambas focam as tensas relações entre as duas coreias, numa altura em que a reunificação parece mais próxima do que nunca. Mas «Swiri» é um filme de acção, com uma componente romântica não muito bem sucedida, e «JSA» é um filme sério, coerente, e que consegue percorrer habilidosamente a via da ambiguidade, evitando sempre apontar bons e maus. No caso de «Swiri», todos os coreanos são bons, mas há um grupo de rebeldes do norte, descontente com a política do seu estado, um expediente não raro em certos filmes de Hollywood, como modo de apresentar um inimigo estrangeiro, sem necessariamente marginalizar a nação de onde são originários.

O filme tem uma história para contar e fá-lo sem artifícios, narrativos ou formais, o que, nos dias que correm, é extremamente raro. O recurso a breves cenas de extrema violência afere-se como necessário ao contar da história (há um momento de censura óptica para cobrir a zona púbica de um cadáver, mas a sangria não sofre desse problema, o que não invalida possíveis cortes impostos pelos censores). Este nível de compromisso do cineasta com a sua própria obra não pode deixar de nos surpreender. O recurso a uma estrutura de flashbacks e de múltiplos pontos de vista, que se apresentam sem que existam indicações de quando se trata da verdade ou de mais uma versão, e a controlada revelação de mais pormenores, nunca opta por uma atitude de atirar à cara do espectador mais uma “grande surpresa”, nem assenta no choque pelo choque. As personagens principais, os dois soldados e a investigadora, são lenta e cuidadosamente desenvolvidos. Convencem-nos e tornam a história convincente, por muito improvável que possa soar.

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Uma bala a mais.
Há o que se pode chamar de uma mensagem socio-política positiva, sendo fácil de entender porque é que o filme foi um esmagador sucesso no seu país de origem. No entanto, parece-me desnecessário desenvolver o tema, já que isso implicava descrever as ramificações do guião a partir da premissa inicial. Não existindo propriamente um final “feliz” – a ambiguidade chega a esse ponto –, no meio das desgraças, infortúnios e mortes, subsiste uma certa satisfação com o desenrolar dos acontecimentos, mais substanciada numa certa esperança para o futuro, do que noutra coisa qualquer.

Este foi o primeiro de três filmes exibido na Cinemateca Portuguesa, no âmbito das comemorações dos 40 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre Portugal e a República da Coreia, tendo contado com a presença do embaixador daquele país em Portugal, bem como outras individualidades, incluindo o embaixador do (agora amigo) estado indonésio. Antes da projecção, e precedendo uma curta apresentação pelo embaixador coreano, o presidente da Cinemateca fez um resumo do panorama do cinema coreano mais recente. Foram posteriormente apresentados «Misulgwan-yeob Dongmul-won» [Art Museum by the Zoo] e «Jeong» [My Heart]

****1/2
classificações

Publicado on-line em 3/11/01.