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O Encantador de Cavalos/The Horse Whisperer
Realizado por Robert Redford
EUA, 1998 Cor - 169 min. Anamórfico
Com: Robert Redford, Kristin Scott Thomas, Sam Neill, Dianne Wiest, Scarlett Johansson, Chris Cooper, Cherry Kones, Ty Hillman, Catherine Bosworth

Uma jovem de 13 anos, Grace MacLean (Johansson), fica traumatizada por um grave acidente, que irá afectar também o relacionamento entre os pais, Annie (Scott Thomas) e Robert (Neill). Annie acha que a recuperação da saúde mental do cavalo de Grace, "Pilgrim", pode ter efeitos relevantes no estado da própria jovem, e assim procura o auxílio de um homem com uma extrema habilidade para tratar problemas psicológicos em equídeos, Tom Booker (Redford).

Não faltam textos sobre «The Horse Whisperer» apontando-o como um produto da vaidade do seu realizador e actor principal. Redford credita-se em primeiro e o seu personagem açambarca as atenções a partir do segmento central do filme, quando o espectador está mais interessado em Grace e, indirectamente, na recuperação do seu cavalo de estimação. De súbito, surge um "interesse romântico" que nos procura afastar da história que estávamos a seguir, secundarizando-a. O romance é pontuado por um uso abusivo de filtros difusores que realçam a luz por detrás dos actores, em particular dos cabelos loiros de Redford. O manual Cokin descreve as suas potencialidades, destacando o aumento da luminosidade sem perda de definição e a diluição de imperfeições na pele dos rostos.

Temos três sub-histórias - o cavalo, a menina e o senhor mais velho - em duas horas e 49 minutos de filme, uma duração claramente excessiva, aparente reflexo de uma tendência moderna de dar ênfase ao sofrimento dos personagens pelo sofrimento infligido à paciência do espectador de cinema. Não há um "épico romântico" que se preze que não tente aproximar-se das três horas de duração.

Scott Thomas pica o ponto, Redford limita-se a ser bonito e Sam Neill parece caminhar para a especialização em papéis de marido traído. Seja com um cowboy, um Maori ou um monstro mutante saído da psique de Isabel Adjani. O trabalho de Scarlett Johansson é digno de registo. Tal como o do cavalo Pilgrim. Melhor colocando a questão, seis cavalos, boa montagem e extremos close-ups conseguem transmitir o sofrimento interior do cavalo. A sequência próxima do início está muito bem filmada e montada, muito convincente, se bem que a inserção de alguns flashbacks seja redundante e tente de forma demasiado denunciada dizer ao espectador que é suposto ser afectado pela tragédia (e facilmente já estaria a sê-lo). Não é difícil sentir um genuíno interesse no drama de Grace. Depois… deixa-se Nova Iorque e surgem as paisagens de Montana, em forma de bilhete postal.

Redford filma em écran largo, mas as duas primeiras bobines de filme, até ao início da viagem, têm a película tapada lateralmente, enquadrando a cidade no formato standard (não seria má ideia se os projeccionistas tomassem nota do dito). Esta decisão pouco frequente espelha algo sobre o que o seu personagem mais tarde discorre, referindo-se ao fracasso de uma relação anterior: no Montana há demasiado espaço; na cidade não há espaço suficiente. Por essa altura, já estamos algo aborrecidos. Grace e Pilgrim precisavam de mais espaço e ainda podia sobrar uma hora de filme.

**1/2
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