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O Último Contrato/Grosse Pointe Blank
Realizado por George Armitage
EUA, 1997 Cor - 107 min.
Com: John Cusack, Minnie Driver, Alan Arkin, Dan Aykroyd, Joan Cusack, Jeremy Piven, Hank Azaria, Barbara Harris, Mitchell Ryan, K. Todd Freeman, Michael Cudlitz, Benny Urquidez

Martin Blank (John Cusack) é um assassino profissional a trabalhar por conta própria. Devido a alguns desentendimentos entre membros da classe, nomeadamente quando surgem mais assassinos que vítimas em certos locais, Grocer (Aykroyd) propõe-lhe que se junte ao um sindicato, que deseja criar. Blank não está interessado, até porque pensa deixar a actividade. A sua secretária (Joan Cusack) sugere-lhe que vá até à terra natal, Grosse Pointe, subúrbio de Detroit, onde se irá efectuar a reunião dos dez anos de liceu. Blank não parece interessado, mas até o seu psicanalista (Arkin) lho recomenda (particularmente para o ver bem longe). Coincidentemente, surge um trabalho a fazer na área como compensação de um anterior que correu mal.

Enquanto se questiona sobre o que fazer em relação à ex-namorada, Debi (Minnie Driver, que na verdade conduz um descapotável), a qual abandonou no baile de fim de curso, dez anos atrás, vê-se perseguido por Grocer, por dois agentes governamentais, e por um outro assassino. Tudo no meio de uma reunião de antigos colegas e ao som de canções dos anos 80.

«Grosse Pointe Blank» talvez seja mais um filme de Cusack do que de Armitage, de quem se desconhece o anterior e muito elogiado «Miami Blues» (1990). Cusack co-produz e ainda colabora com D.V. DeVicentis, Steve Pink e Tom Jankiewicz, na adaptação da história original deste último. O resultado final é uma refrescante comédia negra, que, estranhamente, consegue sobreviver sem as inconsistências previsíveis num filme que quisesse cruzar uma reunião de turma, com um thriller em que assassinos profissionais se tentam matar uns aos outros. Claro que também há quem considere que o climax está a mais, mas, assim sendo, talvez todas as referências à profissão de Blank fossem também redundantes. Para a síntese de géneros ser perfeita, precisávamos de um final para a secção Romance e de outro para a secção Thriller. Tanto um género como outro terá clichés que não se contornam, mas o particular interesse é ter-se conseguido uma boa simbiose entre ambos.

Há momentos de sátira mais subtis que outros. Particularmente divertido é o tiroteio em que se alveja um cartaz com os personagens principais de «Pulp Fiction», em tamanho natural. A banda sonora é perfeita para nos colocar numa atmosfera da década passada, colocando lado a lado canções que sempre gostaremos de ouvir e outras que odiaremos até ao fim dos nossos dias. Os temas desenrolam-se a partir da emissão de rádio revivalista que Debi conduz e prolongam-se com a festa. Inclui-se Violent Femmes, Clash, Guns 'n' Roses, Echo and the Bunnymen, The Pixies, The Pogues, The Cure, a-ha, Faith No More, Siouxsie and the Banshees, Bangles, entre muitos outros. Apesar da disparidade de estilos, a música casa bem com o filme, como quando se ouve o vamos-todos-dar-as-mãos-e-fazer-um-mundo-melhor "99 Luftballons" de Nena, depois de uma morte violenta.

Os actores estão no local certo e as interacções do casal central, apesar do tom geral do filme, conseguem fazer algum sentido. Parece muito natural a forma como se entendem/desentendem no desenrolar e no desfecho do filme.

***1/2

Em complemento é exibida a curta metragem «O Prego».

O Prego
Realizado por João Maia
Portugal, 1997 Cor - 11 min.
Com: António Cara D'Anjo, Pablo Fernando, Alberto Magassela, José Pedro Gomes, Márcia Breia

Um brasileiro a viver em Portugal, apesar de viver numa luxuosa moradia, tem dívidas por saldar. Os dois homens que as vêm cobrar não estão para brincadeiras e pregam-lhe uma mão ao piano. «O Prego» tem uma premissa que podia dar uma curta-metragem bastante engraçada, neste registo de humor negro. Infelizmente a execução estraga sempre tudo, e fica-se por uns sorrisos. Não só parece precisar de melhor escrita, como muitas das frases parecem estar a ser lidas directamente de papel, as situações supostamente cómicas são forçadas e há coisas que só parecem acontecer para que o filme prossiga. Apesar de tudo, é a melhor curta portuguesa que se pôde ver nos últimos tempos, e encaixa-se bem como aperitivo a «Grosse Pointe Blank»

**1/2
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