cartaz
comentários
coluna
secção informativa
favoritos
arquivo

index

Crying Freeman - O Dragão/Crying Freeman
Realizado por Christophe Gans
França/Canadá/EUA/Japão, 1995 Cor - 102 min. Anamórfico
Com: Mark Dacascos, Julie Condra, Rae Dawn Chong, Byron Mann, Masaya Kato, Yôko Shimada, Mako, Tchéky Karyo, Kevan Ohsji, Debbie Podowski

Nos EUA, Emu O' Hara (Condra), presencia a execução de alguns gangsters por um assassino que, findo o serviço, derrama lágrimas. Ele é Yo, ou Crying Freeman (Dacascos), e trabalha para uma organização chinesa, conhecida como "os 108 Dragões". O assassino deixa-a viver, mesmo depois de posteriores insistências por parte do seu assistente, Koh (Mann). A polícia é pressionada por lobbies da Yakuza, que querem eliminar Freeman e receiam pela segurança do seu líder, e dois detectives (Chong e Karyo) esperam que ele surja na casa de Emu para a matar. No Japão, deflagra um conflito quando o novo Boss, Hanada (Kato), provoca os dragões através de um massacre numa pequena fábrica. Yo conta a sua história a Emu.

A manga Crying Freeman foi publicada, em fascículos, entre 1989 e 1992, sendo constituída por muitas centenas de páginas, como é habitual em muitas destas sagas da BD japonesa. Entre outras importações, teve por cá uma edição em português da editora brasileira Sampa. A história original, assinada por Kazuo Koike, não é propriamente complexa mas tem os seus momentos e é consistente (dentro do género claro), mas a arte de Ryochi Ikegami e o seu virtuosismo visual são elementos muito apelativos.

Christophe Gans tem no currículo «Necronomicon», uma obra cinematográfica em três segmentos, baseada em contos de H.P. Lovecraft, com a qual este filme partilha a maioria dos produtores. Entre eles está Brian Yuzna, produtor de «Re-Animator» (também baseado em Lovecraft) e realizador de «Society» e «O Dentista».

«Crying Freeman», o filme, não é propriamente superior a tantos outros filmes de acção que têm surgido, particularmente desde que o estilo Hong Kong deixou de ser uma referência meramente implícita. O estilo visual é um bocado exagerado, nomeadamente no que diz respeito ao abuso de câmara lenta, mas não destoa do tema nem do género. A montagem é de David Wu, que trabalhou nos filmes mais importantes de John Woo (antes da partida para os EUA). Gans, que adapta a história original com Thierry Cazals, não se preocupa apenas em coser algumas sequências de acção. Tem que se reconhecer o esforço em querer ser fiel aos textos originais. No que diz respeito a BD, raramente se adaptam histórias para o cinema; fica-se pelos personagens, e as adaptações muitas vezes não têm nada a ver com o objecto original (como é o caso de «Judge Dredd» que não passa de apenas mais um "filme de Stallone").

O filme segue a linha geral da manga, e chega mesmo a decalcar sequências completas, directamente para o guião, como a cena da mansão e o modo como Freeman enfrenta os rivais. As alterações parecem decorrer apenas das necessidades de condensar tudo em 100 minutos de filme, e do envolvimento de diferentes países na produção. No original, os cenários são variados mas o apelido de Emu é Hino, e a acção principal mantém-se no oriente (não se justificam, pois, os personagens dos detectives americanos). As características mais notórias no estilo gráfico da manga tiveram de ser abrandadas; a violência é a possível e o erotismo entre Freeman e Emu é substituido por demasiados planos do traseiro de Mark Dacascos. Julie Condra (das séries de TV «Parker Lewis» e «Eerie Indiana») é mais tímida que a Emu desenhada por Ikegami (com a qual, aliás, tem grandes parecenças), mas, apesar de ser um cliché mais cinematográfico, ambas não contrariam o Síndrome do Lençol em forma de L, mesmo durante cenas de perigo.

***

classificações