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Estrada Perdida/Lost Highway Realizado por David Lynch EUA, 1996 Cor - 135 min. Anamórfico Com: Bill Pullman, Patricia Arquette, Balthazar Getty, Robert Blake, Natasha Wagner, Richard Pryor, Cassandra Leigh, Jack Nance, Jack Kehler, Henry Rollins, Giovanni Ribisi, Gene Ross, Scott Coffey, Gary Busey, Robert Loggia
No início do filme, Fred Madison (Pullman) ouve a campainha
tocar. Vai à porta e uma voz diz "Dick Laurent está
morto". Pela janela já não vê ninguém.
Bill Pullman é um saxofonista que começa a ter
suspeitas em relação à fidelidade da sua
mulher, Renée (Arquette). O casal começa a receber
cassetes vídeos que mostram a fachada de sua casa e, depois,
o interior do quarto mostrando-os a dormir. Numa festa, uma estranha
figura diz que o conhece de sua própria casa e diz-lhe
para confirmar, telefonando-lhe para lá, pois aí
se encontra naquele preciso momento. E está lá mesmo.
Outra cassete chega. Desta vez mostra-nos Fred junto ao cadáver
da mulher. É preso e condenado à morte. Um outro
homem surge no lugar de Fred - Pete (Getty), mecânico -
que não se recorda do que lhe sucedeu, e cuja família,
que assistiu, prefere não contar nada. Surge agora Dick
Laurent (Loggia), uma mafioso pornógrafo, e a sua acompanhante,
Alice (novamente Arquette, agora loira). O envolvimento entre
Pete e Alice só poderá ter consequências sangrentas.
Tal como um jam jazzístico, "Lost Highway"
envereda por variações e improvisos. Daí
o personagem central (mas não o que ocupa mais tempo de
écran) tocar saxofone. A fuga musical tem aqui o paralelo
no que Lynch definiu como fuga psicogénica (psicogénese - parte da filosofia que trata da origem e do desenvolvimento das funções psíquicas). Fred não
assume perante ele próprio os seus actos, e, como tal,
foge metamorfoseando-se noutra pessoa e criando outra história
paralela. Não consegue evitar que tudo venha ao de cima,
e que o círculo se feche. Mas continua ainda. A lógica
do filme não é linear, tal como o não são
o tempo e o espaço. Existem buracos negros, e é
impossível de saber aonde conduzem. O inferno é
na terra e o diabo está dentro de nós. Cada um de
nós tem o seu. Blake (creditado como mistery man) será
o diabo de Pullman - quem o conduz e quem o obriga a agir.
A estrada normalmente leva-nos de um ponto ao outro; de A
a B, demorando um certo tempo, mas no universo de Lynch o caminho
está distorcido, e mesmo que não se vejam cruzamentos
ou curvas, eles estão lá. E podem ser fatais.
Argumento de David Lynch e de Barry Gifford. |