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O Corvo: A Cidade dos Anjos/The Crow: City of Angels
Realizado por Tim Pope
EUA, 1996 Cor - 84 min.
Com: Vincent Pérez, Mia Kirshner, Richard Brooks, Iggy Pop, Thomas Jane, Vincent Castellanos, Thuy Trang, Eric Acosta, Ian Dury, Tracey Ellis, Beverley Mitchell, Aaron Thell Smith, Alan Gelfant, Shelly Desai

Ashe Corven (Pérez) é assassinado juntamente com o seu filho, Danny (Acosta), por assistir a uma execução por parte de um bando de traficantes de droga chefiados por Judah (Brooks), um vilão meio-Zen, meio-satânico, meio-drag queen (há qualquer coisa aqui que não bate bem). Os elementos mais activos no assassinato de Corven e do filho foram Curve (Iggy Pop) e Kali (Trang), de quem, como é oriental, se espera que inicie a todo o momento uma sequência de kung fu. Infelizmente tarda. Sarah (Kirshner, de «Exotica») é artista de tatuagens - uma profissão bem adequada ao cenário trash pós-apocalíptico da Los Angeles do filme, muito 'trendy' nos dias que correm - e sonha com a morte de Corven e com o seu regresso, e é por isso que não se admira nada que ele lhe apareça à frente, saltando da sua "tumba". Agora o Corvo busca vingança, porque enquanto não estiverem mortos todos os envolvidos o filme não pode terminar.

«A Cidade dos Anjos» não é propriamente uma sequela ao interessante «Corvo» (1994) de Alex Proyas - o primeiro e único filme, até ao momento, que conseguiu extrair algo válido da BD de James O' Barr -, dado que os personagens são outros, o cenário é outro e a história é basicamente a mesma. Isto é, há uma execução e uma vingança nos mesmos moldes do primeiro filme. As premissas não bastam para fazer os filmes, como é evidente, e este é um exemplo muito ilustrativo. O decalque é tão básico e irritante que até se chama Corven ao personagem principal, por "oposição" ao Draven do primeiro filme. Claro que a BD tende a funcionar com estes nomes que, subtilmente, parecem adivinhar o destino dos personagens, mas para adaptar BD ao cinema é preciso muito mais do que isto. E para ter um bom guião é preciso escrever qualquer coisa, de preferência nova.

É difícil assistir a um filme que, não só é uma colagem de lugares comuns camuflada numa atmosfera (artificialmente) decadente, como também uma colagem de lugares comuns incongruente. Os diálogos parecem ser aleatórios; os personagens dizem coisas sem nexo, sem qualquer continuidade. Frases feitas disparatadas, disparadas aleatoriamente. Deste modo os actores não podem levar-se a sério e a audiência não se preocupa com o destino (patético) dos personagens. Mas o importante não é acreditar no destino, "é o destino acreditar em nós". Brrr.

O maior erro de Pope ou de quem controlou a produção foi levar o tema do filme a sério, e enchê-lo de pretensiosos virtuosismos cenográficos. Soltos no meio de um guião sem ponta por onde se lhe pegue. Talvez uma aproximação à comédia tivesse surtido efeito, mas com a premissa de uma criança morta e a consequente vingança isso estava fora de alcance. Ainda assim, muitos planos dão vontade de rir. Algo de muito grave se passa com um filme que nos leva a rir quando morre alguém com quem nos devíamos preocupar. A piorar não sobram cenas de acção bem coreografadas, nem efeitos especiais assombrosos.

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