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Channelling Baby
Realizado por Christine Parker
Nova Zelândia, 1999 Cor - 89 min.

Com: Danielle Cormack, Kevin Smith, Amber Sainsbury, Joel Tobeck, Ian Hughes, Andrea Kelland

Da relação improvável entre uma hippy e um soldado, irá nascer um bebé, que, como o título indica, assim é baptizado ("Baby"). Mistura-se a cegueira provocada por olhar directamente para um eclipse (nunca tentem isso em casa), flashbacks do Vietname, um cortador de relva, irmãos/filhos desencontrados, um pouco de espiritismo e algumas coincidências forçadas. No início do filme, Bunnie (Cormack) tenta ainda saber o que sucedeu à filha desaparecida, provavelmente morta, uns 20 anos antes, não hesitando em recorrer aos serviços de uma médium.

Até cerca de um terço de «Channelling Baby» o espectador vai dando descontos atrás de descontos, porque o que se prepara poderá ainda fazer algum sentido. Mas tal nunca virá a acontecer, excepto num plano de realidade telenovelesco. A verdade é que próximo do final ainda nos perguntamos se tudo não passará de uma piada por parte da realizadora. Mas tão longa e tão forçada? As estruturas melodramáticas folhetinescas baseadas em "surpresas" do género eu-é-que-sou-o-teu-pai/filho/irmão/outro, não tem nada de mal, por si sós. Mas o filme de Parker leva estes elementos para lá do limite do suportável, ignorando várias vezes a mais simples das lógicas, apenas para nos apresentar revelação atrás de revelação.

Com um quarteto de personagens reunidos numa casa, a recordar o passado, o mecanismo de flashbacks, paralelos e consecutivos, vai, pouco a pouco, destapando o véu. O filme falha em convencer que os quatro pudessem formar imagens dos acontecimentos de tal modo diferentes, apesar de um personagem ser cego, outro desaparecer de cena e os outros dois serem muito novos. Mas uma falha maior surge a nível do próprio argumento - e atenção que este é um elemento que quem não viu o filme preferirá não ler, saltando já para o próximo parágrafo -, quando vimos a saber o que se passou quando Geoff leva Baby para o hospital. Depois de se encontrar o carro, usado na fuga, era impossível que Bunnie nunca viesse a ser informada do que se tinha passado, ou seja, de que o marido tinha levado a filha ao hospital, onde esta viria a falecer.

Quando tudo caminhava para um final atroz… eis que não somos decepcionados. Ao menos isso. Mas talvez acha quem discorde, pois a intervenção do último narrador consegue surpreender-nos ainda mais (sempre no mau sentido). Quem conhecer Cormack apenas a partir desde filme ficará com muito má impressão da actriz. A verdade é que a culpa é dos diálogos, das situações improváveis e até da má maquilhagem da sua persona envelhecida. Em suma, da má direcção. Não sendo aí propriamente brilhante, pelo menos em «Siam Sunset» (pelo qual recebeu o prémio de interpretação do Fantasporto 2000), mostra que sabe representar.

*1/2
classificações

Publicado on-line em 29/4/00.