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O Outro Lado do Sonho/Brazil
Realizado por Terry Gilliam
EUA, 1985 Cor - 142 min.

Com Jonathan Pryce, Robert De Niro, Katherine Helmond, Ian Holm, Bob Hoskins, Michael Palin, Ian Richardson, Peter Vaughan, Kim Greist, Jim Broadbent, Barbara Hicks, Charles McKeown, Derrick O'Connor

"Algures no século XX", num mundo fascizante e burocratizante, um homem do sistema - Sam Lowry (Pryce) - refugia-se nos seus sonhos, para tentar fugir a uma existência monótona e sem objectivos. Nesse mundo imaginário, ele voa na direcção de uma mulher (Greist) e luta por ela contra um gigantesco, e quase surreal, monstro samurai. Na realidade, as acções terroristas vão no 13º ano de existência e não parece que o Estado se sinta ameaçado; O Ministro da Informação afirma tratar-se de "sorte de principiantes".

No início, um 'bug' no sistema da Recolha de Informação, vai provocar a troca do nome Tuttle (De Niro) por Buttle, e este será "solicitado para prestar declarações, e obrigado a algumas obrigações financeiras" para cobrir o processo. O mal-entendido vai levar a vizinha de Buttle, Jill Clayton (Greist), a tentar obter informações, e, por outro lado, vai levar Sam a tentar resolver um complicado problema burocrático quando o seu chefe, Kutzmann (Holm), não consegue efectuar uma devolução de dinheiro a Buttle. Inevitavelmente, Sam vai cruzar-se com Jill e descobrir que é a mulher com quem sonha, mas as coisas não podem correr exactamente como se espera e Sam tudo fará para a proteger, pelo que se envolve cada vez mais na teia burocrática, tendo de arcar com as consequências. Os conselhos do amigo Jack (Palin) e da da mãe (Helmond) para aceitar uma promoção, vão sendo ignorados até que Sam precisa dessa promoção para salvar Jill.

«Brazil» é a obra-prima do escapismo, e terá começado a materializar-se na mente de Gilliam quando este visualizava uma praia com a famosa canção em fundo. A estética visual da cidade, mas principalmente das sequências de sonho, é surpreendente e mantém a força 17 anos depois. É a história de um homem que vive num pesadelo sem disso tomar consciência. Foge da monotonia, e da inexistência de imaginação, para o Sonho, até que para lá se vê obrigado a retroceder quando a realidade parece ganhar terreno.

O Universal Pictures não gostou nada da fantasia negra que Gilliam lhes apresentou, recusando-se a lançar o filme como ele estava, o que originou uma verdadeira guerra entre o realizador e o estúdio (descrita no livro «The Battle of Brazil", Jack Mathew, 1987, com reedição e revisão em 98). O estúdio tinha problemas com a conclusão do filme e insistiram para que tivesse um fim feliz e menos de duas horas. A "elevada" duração original (duas horas e 22 minutos) implicava uma sessão diária a menos e a dificuldade de vender o filme aos exibidores, confrontados com a consequente perda de lucros em vendas de pipocas e refrigerantes (ah, e em bilhetes).

A segunda versão de Gilliam ("versão Americana") também não agradou ao estúdio - afinal o filme, principalmente o fim, continuava a ser demasiado "negro" - e só depois de muita luta, e dos prémios da Associação de Críticos de Cinema de Los Angeles, é que seria lançada nos EUA. Essa associação de críticos teve um papel decisivo na "batalha", pois a Universal não poderia deixar de publicar os habituais anúncios de imprensa, listando os "seus" filmes premiados. «Brazil» recebeu o prémio para melhor filme, melhor realizador e melhor guião para o ano de 1985. Antes, sequer, de ser lançado oficialmente nas salas de cinema.

A versão mandada fazer pelo executivo da Universal, Sidney Sheinberg, tem perto de 40 minutos a menos e recorre a cenas alternativas, com material não usado, nomeadamente cenas com Kim Greist, visando transformar «Brazil» numa comédia romântica com final feliz. Sheinberg perdeu o combate, mas essa versão viria a ser usada na TV americana por razões "práticas" (a duração e o facto de Gilliam, uma vez mais, ter recusado retalhar o seu filme).

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«Brazil» © 1993 Regency International Pictures B.V.

Veja um cartaz aqui.
(Nota: .jpg 68kb)