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O Grande Lebowski/THe Big Lebowski
Realizado por Joel Coen
EUA/Reino Unido, 1998 Cor - 117 min.
Com: Jeff Bridges, John Goodman, Julianne Moore, Steve Buscemi, David Huddleston, Philip Seymor Hoffman, Tara Reid, Philip Moon, Mark Pellegrino, Peter Stormare

Em Los Angeles, 1991, Jeff Lebowski (Bridges), o último dos hippies e grande apreciador de bowling, mais conhecido como "the Dude", é atacado por dois marginais que o confundem com outro Lebowski (Huddleston), um milionário cuja mulher, Bunny (Reid), se endivida com extrema facilidade. O Dude é convencido pelo amigo Walter Sobchak (Goodman) a procurar ressarcimento pelos prejuízos junto do milionário. Entretanto, há um rapto e o Dude é contactado para fazer a entrega do dinheiro. Juntam-se à narrativa uma artista extravagante (Moore), um pornógrafo (Ben Gazzara), um perigoso bando de nihilistas (chefiados por Stormare) e um estranho cowboy (Sam Elliot).

O novo filme dos irmãos Coen (novo por cá, pois é uma daquelas estreias que se aguardavam há meses e meses) é uma obra diferente do anterior «Fargo», e da generalidade da sua cinematografia. «O Grande Lebowski» não tem propriamente uma história consistente ou um fio condutor; é antes um emaranhado de pequenas coisas, mas salpicado por muitos elementos e personagens entre o esquizofrénico e o meramente estranho. De certa forma, relembra «Barton Fink» (1991), criado a partir de um bloqueio durante a escrita de «Miller's Crossing», do ano anterior. O filme que agora temos oportunidade de ver poderia muito bem ter sido concebido a partir do aclamado «Fargo» (1996), onde um plano de rapto era também central à narrativa.

Mais do que qualquer outro filme de Joel e Ethan Coen, «The Big Lebowski» tem poucas preocupações com uma quota mínima de seriedade. Mesmo em «The Hudsucker Proxy» (1994) - conhecido (?) em português por «O Grande Salto», depois de um "fast-forward" pelo distribuidor até 3 minutos de filme - havia um romance que interessava aos cineastas e ao espectador. Aqui a atitude é da mais completa descontracção. Um óbvio "não nos vamos preocupar muito com isto". Pega-se num personagem fora do seu tempo; um hippie jogador de bowling, com um grande apego ao seu tapete (que, sem dúvida, compõe muito bem a sala). Acompanha-se com um veterano do Vietname, que arranja sempre forma de relacionar tudo com aquele conflito e um amigo de poucas palavras (não porque fale muito, mas porque o direito de expressão lhe é constantemente negado). Junta-se um grupo de nihilistas germânicos, um milionário filantropo com uma mulher-objecto, ex-estrela de cinema (bom…), uma artista vanguardista, um divertido pequeno papel de John Turturro, habitué na filmografia coeniana, mexe-se, agita-se e serve-se com uma pedra de gelo.

Não sendo um filme tão bom como outros anteriores dos Coen, «The Big Lebowski» deverá satisfazer a generalidade dos apreciadores da obra desta dupla, mas não se prevê que conquiste muitos "infiéis". Nada que se possa comparar com «Fargo», obviamente, um filme superior, promovido e tornado popular pela atenção que Hollywood decidiu prestar momentaneamente a alguns filmes independentes, levando grande parte do público a ficar com curiosidade e a indagar se os Coen tinham feito mais alguma coisa.

***1/2
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