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Alien - O Regresso/Alien Resurrection
Realizado por Jean-Pierre Jeunet
EUA, 1997 Cor - 108 min. Anamórfico
Com: Sigourney Weaver, Winona Ryder, Dominique Pinon, Ron Perlman, Gary Dourdan, Michael Wincott, Kim Flowers, Dan Hedaya, J.E. Freeman, Brad Dourif, Raymond Cruz, Leland Orser

Duzentos anos depois de se imolar para conter a ameaça dos alienígenas em «Alien3», Ellen Ripley (Weaver), ou Número 8, é clonada de volta à vida, à série e ao confronto com a ameaçadora espécie. Desta vez, o interesse científico parte dos militares que criam os aliens para os fins do costume.

Uma nave de carga, com o nome inspirado na pin-up Betty Page, vem fazer negócios na gigantesca nave militar Auriga. A bordo segue um conjunto de rebeldes do espaço, incluindo Vriess (Pinon), o brutamontes Johner (Perlman) e a frágil-como-um-rouxinol Call (Ryder).

Ninguém esperava um "filme de autor" só porque quem dirige «Alien Resurrection» (pressões da Igreja Católica no título português?) é Jean-Pierre Jeunet, co-realizador de «Delicatessen» (1991) e d' «A Cidade das Crianças Perdidas» (1995). Duas razões. Uma talvez menor: a dupla com Marc Caro desfez-se (apesar deste ser aqui creditado na área do design). Outra certamente decisiva: o filme é, claro, made in US. Jeunet é aqui um rent-a-director, como o próprio assumiu em comentários simpáticos como "todos me trataram muito bem" e "aceitaram algumas das minhas ideias". O estúdio queria alguém que revigorasse a série, particularmente a nível visual, e foi o que obteve, apesar desta quarta entrada permanecer muito longe das criações visuais dos filmes que notabilizaram o seu realizador. Jeunet foi mantido longe do processo de escrita, de que foi encarregue Joss Whedon, creditado com o filme e série de TV «Buffy, the Vampire Slayer» e «Toy Story» (co-argumentista).

«Alien Resurrection» têm algumas incongruências que, no entanto, se dissolvem à medida que a história evolui. Não faz muito sentido desconhecer-se a característica mais notória do sangue dos aliens, a "memória genética" de Ripley não é muito bem explicada, nem a enorme capacidade dos pulmões humanos no futuro. Também gostaríamos de ouvir mais qualquer coisa a justificar a denominação "Pai" - nome do computador da nave -, paralelo à "Mãe" do primeiro filme, para que a referência não fosse tão gratuita.

Para lá dos pormenores referidos, apesar de também dividir audiências, este filme não é tão decepcionante para os seguidores da série como o anterior - que não sendo propriamente mau, era muito inferior aos dois primeiros -, está bem executado tecnicamente, sem grande show off de efeitos gerados por computador, tem um argumento eficaz e sem graçolas demasiado destoantes e um punhado de bons actores.

Os inevitáveis temas da humanidade vêm ao de cima, mas não têm aquele exacerbamento delicodoce, marca registada de Cameron ("se um Terminator pode ser humano, nós também poderemos"). Um tratamento que, convenhamos, pode resultar nuns "Tês" e falhar noutros. Os personagens mais humanos não o são, e há humanos piores de que os aliens, os quais recebem desta vez mais simpatia da audiência porque começam como prisioneiros, vítimas de tortura e de manipulação genética.

O grande óbice desta e de outras séries é que o processo criativo não antecede a intenção de produzir novo filme. I.e., primeiro vem a necessidade e depois a contratação de argumentistas, técnicos e actores, para a execução de um filme feito à medida das intenções. Foi também a partir do terceiro filme que a 20th Century Fox começou a excluir H.R. Giger dos créditos pelo design dos aliens (os tribunais obrigaram ao crédito em futuras cópias). Na selva dos blockbusters não há muito espaço para artistas.

Nada disto se opõe a que «Alien Resurrection» seja um bom filme, claro. Sobretudo um bom entretenimento.

***1/2
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