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O Último Viking/The 13th Warrior
Realizado por John McTiernan
EUA, 1999 Cor - 114 min. Anamórfico

Com: Antonio Banderas, Diane Venora, Dennis Storhøi, Vladimir Kulich, Omar Sharif, Anders T. Andersen, Richard Bremmer, Tony Curran, Mischa Hausserman, Neil Maffin, Asbjorn Riis, Clive Russell

No ano de 922, o árabe Ahmed Ibn Fahlan (Banderas) é nomeado embaixador e enviado para longe do seu país. Na Tartária, ele e os seus acompanhantes chegam a uma aldeia de Vikings, onde o rei acaba de falecer e o seu herdeiro, Buliwyf (Kulich), recebe um pedido desesperado de ajuda de um clã do norte, acompanhado por relatos de ataques impiedosos por estranhas criaturas cujo nome se evita pronunciar. Uma vidente diz que treze guerreiros devem partir. Já na aldeia de Hrothgar, os ataques começam e os homens questionam-se sobre a natureza dos atacantes; animais, demónios, humanos?

Estreando em Portugal duas semanas antes dos EUA, com uma divulgação praticamente nula, «The 13th Warrior» é um filme que sofreu com os desentendimentos entre os produtores McTiernan e Michael Crichton. O realizador foi afastado da montagem final e o filme denota demasiadas omissões de segmentos narrativos, necessários não só para contar convenientemente da história, mas também para manter uma continuidade coerente.

Crichton é um nome demasiado rentável em Hollywood, para que McTiernan pudesse almejar um controle mínimo do produto final (principalmente depois de fiascos financeiros como «Last Action Hero», 1993) e parece poder deduzir-se que o próprio estúdio tenha perdido a fé no comportamento comercial do filme. Normalmente, o sucesso ou insucesso da estreia Americana é determinante na estreia em grandes mercados Europeus, como o Reino Unido. Daí decorre que «Soldier» (1999), por exemplo, um flop no mercado Americano, tenha sido recambiado para um desonroso directo-para-vídeo tanto no RU como por cá. As estreias Europeias talvez se tenham tentado antecipar à má influência dos maus resultados de bilheteira e às eventuais polémicas sobre a produção, nas terras do Tio Sam.

«The 13th Warrior» contém algumas sequências apetecíveis, principalmente no que diz respeito os combates com os "predadores" (não se pode deixar também de notar alguns pontos de contacto com o superior filme de McTiernan, com Schwarzenegger), mas os melhores momentos são aqueles em que ainda muito pouco se sabe sobre a sua natureza. À medida que os vamos conhecendo, o interesse vai-se reduzindo, mas isso sucede principalmente porque, pelas razões expostas, o texto tem muitos buracos e o espectador poderá sentir, em duas ou três ocasiões, que o filme dá vigorosos saltos de 10 minutos para a frente. O "interesse romântico" é reduzido a umas trocas de olhar e a uma daquelas montagens tipo beijo-beijo-fade-out-dia-seguinte-boca-foleira-de-outro-personagem. A presença de Diane Venora (a Rainha Weilew), apesar de creditada em segundo (quase inevitável com um elenco maioritariamente desconhecido), é insignificante. Não se percebe a razão do final do primeiro dos ataques, em particular depois de nos apresentarem os invasores como um exercito quase infindável, e a aldeia Viking como um último reduto pequeno e frágil, defendido por meia dúzia de homens supersticiosos e assustados. Há ainda uma intriga política que parece perdida no meio da acção principal.

Com bons momentos isolados, mal integrados entre si, sugerindo-nos termos visto uma cópia com meia hora de filme a menos, é de registar que ainda se retém a boa forma de John Mctiernan como director de acção, o que serve pelo menos para estimular a curiosidade para «O Caso Thomas Crown», que estreia uma semana depois deste «O Último Guerreiro» (mas porquê "último", alguém percebe?) Por esta altura, os estúdios já deveriam estar fartos de saber que é difícil fazer funcionar um filme com duas mãos a trabalharem uma contra a outra, mantendo pedaços criados de acordo com uma visão particular, e reordenando-os de acordo com a vontade de terceiros.

**1/2
classificações

Publicado on-line em 22/8/99.